Alimentação
Estudo associa consumo de duas porções de peixe por semana a maior risco de câncer de pele
Cientistas descobriram que voluntários que ingeriam 42,8 g de peixe por dia tinham 22% mais risco de tumor do tipo melanoma
Um estudo recente está gerando polêmica ao associar o consumo de duas porções de peixe por semana a um maior risco de câncer de pele do tipo melanoma, o mais perigoso, mas menos comum. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, ele representa apenas 3% dos tumores na pele.
Segundo as descobertas divulgadas na revista científica Cancer Causes & Control, nesta quinta (9/6), pessoas que comiam 42,8 g de peixe por dia (equivalente a duas porções por semana) tinham um risco 22% maior de melanoma do que quem ingeria apenas 3,2 g diariamente, informa o jornal britânico The Independent.
Aqueles que comiam mais peixe também tiveram um risco 28% maior de desenvolver células anormais na camada externa da pele, conhecidas como melanoma de estágio 0 ou in situ (pré-câncer).
Para chegar a esses resultados, os cientistas analisaram 491.367 adultos americanos. “A pesquisa identificou uma associação e que requer mais investigação. Nós especulamos que as descobertas podem ser atribuídas a contaminantes dos peixes, como bifenilos policlorados, dioxinas, arsênico e mercúrio”, revela o pesquisador Eunyoung Cho, da Universidade Brown, nos EUA, um dos autores do estudo, citado pelo jornal britânico.
Os participantes do estudo tinham em média 62 anos e precisaram relatar a frequência com que ingeriam peixe frito, cozido, assado e atum durante o ano anterior, bem como o tamanho das porções.
Os pesquisadores então calcularam a frequência de novos casos de melanoma que surgiram ao longo de 15 anos, explica o The Independent. Eles levaram em consideração fatores que poderiam influenciar os resultados, como peso, tabagismo, consumo de álcool, dieta, histórico familiar de câncer e níveis médios de radiação ultravioleta (UV) no local em que residem (exposição ao sol, conhecido fator de risco para câncer de pele).
No geral, 5.034 pessoas (1%) desenvolveram melanoma durante o período do estudo e 3.284 (0,7%) desenvolveram o pré-tumor (estágio 0). Análise dos resultados mostrou que a ingestão total de peixe estava associada a riscos mais elevados, segundo o periódico britânico. Quem comia 14,2 g de atum diariamente teve risco 20% maior de melanoma em comparação com as pessoas que ingeriam 0,3 g diárias do peixe.
Comer 17,8 g de peixe não frito (cru, cozido ou assado) por dia foi associado a um risco 18% maior de melanoma e 25% maior de estágio 0, em comparação com quem ingeriu apenas 0,3 g do mesmo alimento.
No entanto, nenhuma ligação significativa foi encontrada entre comer peixe frito e câncer de pele de outros tipos. Além disso, conforme o The Independent, a ingestão média diária de peixe foi calculada no início do estudo e pode não representar o quanto foi consumido ao longo da vida dos participantes.
Apesar dos resultados, o pesquisador Duane Mellor, da Universidade Aston, no Reino Unido, que não participou do estudo, diz ao jornal britânico que a ingestão de peixe é essencial para a saúde. “Os autores sugerem que pode haver uma ligação entre contaminantes nos peixes e risco aumentado de câncer, mas é provável que isso afete mais que apenas tumor na pele. Esse estudo não tem um mecanismo claro de como a ingestão de peixe pode aumentar o risco de melanoma. Não há evidências claras de que comer peixe possa aumentar o risco de desenvolver câncer de pele. É importante lembrar que comer duas porções de peixe por semana pode ser uma forma de incluir nutrientes importantes como ácidos graxos ômega-3 como parte de uma dieta saudável”, explica o especialista.