Alimentação
Mudar para uma dieta saudável como a mediterrânea pode ajudar a tratar depressão em jovens
Estudo revela que a alimentação rica em vegetais, peixes, frutas, castanhas, grãos integrais e azeite pode contribuir para a redução dos sintomas do transtorno depressivo maior
Em estudo publicado no periódico científico American Journal of Clinical Nutrition, em abril, cientistas revelam que, ao mudarem para uma dieta mais saudável, como a mediterrânea, jovens podem ter uma melhora significativa no quadro de depressão.
O transtorno depressivo maior é um problema de saúde mental que afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, anualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). É um fator de risco substancial para o suicídio, a maior causa de mortalidade entre os jovens.
O estudo controlado randomizado durou 12 semanas e foi conduzido por especialistas da Universidade de Tecnologia de Sidney, na Austrália. De acordo com a pesquisadora Jessica Bayes, principal autora, entrevistada pelo site americano SciTechDaily, é o primeiro ensaio clínico randomizado a examinar a influência da dieta mediterrânea nos sintomas depressivos em homens jovens (18 a 25 anos).
“Ficamos surpresos com a disposição dos jovens em adotar a nova dieta. Os escolhidos para consumir a dieta mediterrânea foram capazes de mudar, em curto período de tempo, os planos alimentares originais, sob a orientação de um nutricionista. Isso sugere que médicos e psicólogos devem considerar o encaminhamento de jovens deprimidos a um nutricionista como parte importante do tratamento da depressão clínica”, comenta a cientista ao site especializado em notícias científicas.
Ligação entre comida e humor
A pesquisa contribui para entender o impacto de determinados nutrientes, alimentos e padrões alimentares na saúde mental. Os pesquisadores usaram como exemplo uma dieta rica em vegetais coloridos, legumes e grãos integrais, bem como peixes “gordos” (como salmão), azeite e castanhas cruas, sem sal.
“O foco principal era aumentar a qualidade da dieta com alimentos integrais frescos, reduzindo a ingestão de ultraprocessados e fast foods, açúcares e carne vermelha processada. Há muitas razões pelas quais cientificamente pensamos que a comida afeta o humor. Por exemplo, cerca de 90% da serotonina, substância que ajuda a nos fazer feliz, é produzida no intestino por nossa microbiota [colônia de bactérias benéficas]. Há evidências de que esses micróbios podem se comunicar com o cérebro através do nervo vago, no que é chamado de eixo intestino-cérebro”, esclarece Jessica Bayes ao SciTechDaily.
Mas para que se tenha uma microbiota saudável, é preciso alimentá-la com fibras, encontradas em legumes, frutas e vegetais.
A cientista lembra que aproximadamente 30% dos pacientes deprimidos não respondem adequadamente aos tratamentos, como terapia cognitivo-comportamental e medicamentos antidepressivos.
“Quase todos os nossos participantes permaneceram no programa, e muitos estavam ansiosos para continuar a dieta quando o estudo terminou, o que mostra como eles o acharam eficaz, tolerável e que vale a pena”, completa a pesquisadora da Universidade de Tecnologia de Sidney.