Bem-Estar
Cerâmica das xícaras pode afetar sabor, cor e benefícios do chá, diz estudo
Cientistas descobriram que óxidos que fornecem cor às xícaras de cerâmica podem afetar antioxidantes chamados catequinas
O chá é considerado uma bebida medicinal desde 2.700 a.C., por ser rico em flavonoides e polifenóis, antioxidantes que podem fornecer benefícios à saúde. Porém, cientistas do Instituto de Tecnologia de Nagoya, no Japão, descobriram que o esmalte usado na produção da cerâmica, material comum das xícaras, pode afetar as catequinas, um tipo de flavonoide do chá.
O estudo, publicado em junho deste ano na revista científica Scientific Reports, analisou alguns elementos usados em esmaltes que conferem aparência e textura únicas à cerâmica: óxido de cobre, que dá uma cor verde vibrante; óxido de cobalto, para uma aparência azul escura; óxido de ferro, que confere tons alaranjados; e óxido de titânio, que proporciona um acabamento transparente.
Como mostra o site americano SciTechDaily, para examinar o efeito do esmalte das xícaras nas catequinas, os pesquisadores prepararam chá verde a 80º C, com três minutos de infusão. As folhas de chá foram separadas e o líquido, misturado com pó de esmalte. Essa mistura foi então deixada para reagir durante seis horas e, em seguida, passou por centrifugação e filtragem.
Os pesquisadores observaram que a solução pura do chá tinha uma cor amarela clara e brilhante, mas após seis horas de degradação, tornou-se marrom-amarelada. Em contraste, as soluções de chá degradadas por diferentes esmaltes exibiram cores pretas ou marrons mais escuras. O nível de mudança na cor dependia significativamente do tipo de esmalte a que foi exposto o chá.
Os cientistas também perceberam uma redução na quantidade de catequinas de acordo com o tipo de esmalte. As soluções de chá misturadas com óxidos de cobre, de cobalto e de ferro apresentaram concentrações significativamente mais baixas de epicatequina, galato de epicatequina, epigalocatequina e galato de epigalocatequina, revela o SciTechDaily, enquanto o uso de titânio degradou seletivamente o galato de epigalocatequina. A redução na concentração das catequinas e a mudança de cor podem ser atribuídas ao processo de oxidação, segundo o estudo recém-publicado.
“Durante o processo de degradação, os óxidos de cobre, cobalto, ferro e titânio em pós de esmalte podem atuar como um catalisador ácido e promover a oxidação de moléculas de catequina [...] Outra rota de oxidação é pela polimerização de catequinas de radicais livres intermediários”, explica o pesquisador Takashi Shirai.
A escolha dos esmaltes usados na fabricação de xícaras de cerâmica pode afetar significativamente a concentração de compostos benéficos do chá, como as catequinas, alerta o cientista. “A função específica dos esmaltes na degradação das catequinas não só fornece informações importantes para o design e desenvolvimento de materiais funcionais, mas também pode impactar o consumo diário de chá e problemas relacionados à saúde humana a longo prazo”, completa o pesquisador japonês.