Bem-Estar
Dieta MIND pode evitar demência em idosos, segundo estudo
Mesmo quem já apresenta sinais da doença no cérebro podem ter benefícios desse plano alimentar que mistura as dietas mediterrânea e DASH
O envelhecimento do cérebro às vezes gera aglomerados anormais de proteínas que são a marca registrada do Mal de Alzheimer, principal forma da demência. Uma das formas de prevenir o problema, segundo pesquisadores da Universidade Rush, dos EUA, é seguir a dieta chamada MIND (Mediterranean-DASH Intervention for Neurodegenerative Delay ou Intervenção Mediterrânea-DASH para Retardo Neurodegenerativo).
Esse plano alimentar visa o consumo de alimentos que fortalecem a atividade cerebral, como vegetais, especialmente de folhas verde-escuras, castanhas, frutas vermelhas, leguminosas, grãos integrais e azeite de oliva, enquanto estimula a redução na ingestão de carne vermelha, manteiga ou margarina, queijos, doces e frituras.
De acordo com o site britânico de notícias médicas News Medical, a dieta MIND pode ajudar mesmo os idosos que já desenvolveram depósitos da proteína ruim, conhecidos como placas amiloides, e que estão com as células nervosas afetadas, interferindo nas habilidades de pensamento e resolução de problemas.
Desenvolvida na Universidade Rush, a MIND é um híbrido das dietas mediterrânea e DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension ou Métodos para Combater a Hipertensão).
Um estudo publicado no dia 14 de setembro no periódico científico Journal of Alzheimer's Disease, mostra que os participantes com idades a partir de 65 anos que seguiram a dieta MIND não tiveram problemas de cognição.
“Alguns apresentaram capacidade de manter a função cognitiva, apesar do acúmulo dessas patologias no cérebro, e nosso estudo sugere que a MIND está associada a melhores funções cognitivas, independentemente das doenças mentais relacionadas ao Alzheimer”, afirmam os pesquisadores no artigo, citados pelo News Medical.
Entenda o estudo
Os cientistas da Universidade Rush acompanharam 569 voluntários do projeto Memory and Aging Project, a maioria brancos e sem demência, que concordaram em realizar avaliações clínicas anuais e permitiram autópsia do cérebro em caso de morte.
Segundo o site especializado, os participantes foram convidados a preencher avaliações anuais e testes cognitivos a partir de 1997 para ver se haviam desenvolvido problemas de memória e pensamento. Em 2004, os voluntários receberam um questionário anual para informar quais dos 144 alimentos haviam consumido no ano anterior.
Usando as respostas, os pesquisadores deram a cada participante uma pontuação da dieta MIND com base na frequência com que comeram certos alimentos.
Para se beneficiar desse plano alimentar, a pessoa deveria comer diariamente pelo menos três porções de grãos integrais, dois vegetais, sendo um de folhas verde-escuras e uma taça de vinho. Além disso, deviam consumir nozes na maioria dos dias, comer feijão dia sim, dia não, e aves e frutas vermelhas pelo menos duas vezes por semana. Peixes deviam fazer parte da dieta pelo menos uma vez por semana.
O voluntário também precisava limitar a ingestão de alimentos não saudáveis, limitando a manteiga a menos de uma e meia colher de chá diariamente e menos de uma porção semanal de doces e produtos de confeitaria, queijo integral e frituras ou fast food.
“Descobrimos que uma pontuação mais alta na dieta MIND foi associada a melhores habilidades de memória e pensamento, independentemente da doença de Alzheimer e outras patologias cerebrais comuns relacionadas à idade. A dieta parecie ter uma capacidade protetora e pode contribuir para a resiliência cognitiva em idosos”, afirma Klodian Dhana, um dos autores do estudo, citado pelo News Medical.
Ele alerta que mudanças na dieta podem afetar o funcionamento do cérebro e está relacionado ao risco de demência.