Bem-Estar
Dieta rica em gordura pode alterar o relógio biológico e gerar sobrepeso, diz estudo
Maior consumo de calorias fez com que ratos deixassem de ser ativos somente à noite para comerem também de dia, o que levou ao ganho de peso nas cobaias
Publicado no início de setembro no periódico científico The Journal of Physiology, um estudo descobriu que dietas ricas em gordura pode alterar o comportamento alimentar e o ganho de peso em cobaias.
Os pesquisadores mapearam a área do cérebro dos roedores chamada de núcleo do trato solitário que exibia sérias mudanças no ciclo circadiano (dia e noite).
De acordo com o site americano de notícias de saúde Medical News Today, essa região considerada “primitiva” do tronco cerebral apresenta diferenças dramáticas na atividade diurna e noturna dos neurônios. Os cientistas descrevem essa área como “oscilador circadiano”.
O hipotálamo, que está localizado no centro do cérebro, também possui esse mecanismo, que “diz’ ao corpo quando acordar, quando comer e outras funções importantes para a sobrevivência, lembra o site.
“Ao estudar fatias isoladas do cérebro, temos certeza de que essa ritmicidade vem exatamente desses centros cerebrais […] Assim, temos certeza de que o relógio do tronco cerebral não precisa do relógio mestre no hipotálamo para gerar seu ritmo”, afirma o pesquisador Lukasz Chrobok, da Universidade Jagiellonian, na Polônia, um dos autores do estudo, citado pelo medical News Today.
Estudando a dieta das cobaias
Levando em conta a atividade cerebral precisa, os pesquisadores alimentaram dois grupos de ratos adolescentes com uma dieta rica em gordura e uma dieta controle durante duas, três ou quatro semanas.
Segundo o site especializado, os cientistas avaliaram o quanto as cobaias comiam, como dividiam a comida num ciclo de 24 horas e qual foi a mudança geral no peso delas.
Os resultados foram surpreendentes. Os animais que seguiram uma dieta rica em gordura inicialmente diminuíram a quantidade que comiam, mas ainda consumiam mais calorias do que o grupo de controle.
À medida que o estudo avançou, os dois grupos se diferenciaram. Inicialmente, os ratos com a pior dieta aumentaram a alimentação à noite e, posteriormente, começaram a consumir calorias em excesso também durante o dia.
Como mostra o Medical News Today, houve uma tendência de aumento no ganho de peso das cobaias que ingeriam muita gordura. Mas, o mais importante, o ganho de peso não ocorreu antes das mudanças no ciclo circadiano relacionado à alimentação.
“Descobrimos que os ratos com a dieta rica em gordura começaram a mudar o comportamento alimentar. Normalmente, eles são noturnos, mas meio que bloquearam a ingestão de alimentos durante a noite. Com o tempo, passaram a comer 24 horas por dia. Além disso, eles acordavam e lanchavam de dia, que é uma fase considerada inativa nos ratos. Portanto, eles se alimentavam em vez de descansar”, explica Lukasz Chrobok ao site americano.
O especialista adverte que é preciso muito cuidado ao extrapolar os resultados das cobaias para humanos. Especialmente porque o ritmo circadiano delas é diferente do humano. Elas são noturnas, e nós, humanos, somos animais diurnos.
“Acho que abre algumas possibilidades terapêuticas. Ao tentar prevenir a obesidade, pode-se ter mais cuidado com o relógio biológico ou ritmo circadiano pessoal. Não acorde e faça lanches durante a noite ou fique acordado por muitas horas […] Em vez disso, durma e coma nos horários adequados para se sincronizar seu corpo. Isso é ‘higiene’ do estilo de vida e pode ser terapêutico”, diz o cientista polonês.