Bem-Estar
Estudo associa barulho do trânsito intenso ao risco de hipertensão
Cientistas descobriram que pessoas que moram perto de ruas, avenidas ou estradas movimentadas têm maior propensão à pressão alta
Não é novidade que o barulho gerado pelo trânsito caótico das grandes cidades deixa qualquer um nervoso. Vários estudos mostraram uma relação entre a exposição ao som do tráfego intenso e o aumento do risco de hipertensão (pressão arterial elevada), mas não forneciam evidências da ligação entre os dois fatores. Agora, uma pesquisa publicada na última quarta (22/3), na revista científica JAAC Advances, traz uma explicação para o “sangue ferver” em meio às buzinas, freadas e motores barulhentos.
Pesquisadores analisaram mais de 240.000 voluntários de 40 a 69 anos que fazem parte do banco de dados UK Biobank. Inicialmente, os participantes não apresentavam hipertensão, e deviam quantificar o nível de ruído do tráfego no entorno de seus endereços residenciais. Os cientistas também usaram os parâmetros do Método de Avaliação do Ruído Comum (Common Noise Assessment Method), um modelo desenvolvido pela União Europeia para avaliar a exposição dos cidadãos europeus a uma variedade de barulhos.
Segundo o site americano Earth, o estudo recente acompanhou os voluntários por um período médio de 8,1 anos, e os pesquisadores descobriram não apenas que os indivíduos expostos ao ruído do tráfego intenso eram mais propensos a desenvolver hipertensão, mas também que esse risco aumentava proporcionalmente com os níveis de barulho que experimentavam. Essa relação se mostrou forte mesmo após os cientistas ajustarem parâmetros como exposição à poluição do ar.
Os pesquisadores acreditam que as descobertas podem ajudar os governantes no desenvolvimento de ações de saúde pública que aliviem o impacto negativo do ruído gerado pelo tráfego das grandes cidades, incluindo a criação de regras mais rígidas e maior fiscalização dos níveis de barulho. Como soluções apontadas pelos especialistas, podem ser feitas melhorias nas condições das ruas e estradas e do projeto urbanístico, além de incentivos para produção de veículos mais silenciosos.
“Até o momento, este é o primeiro estudo de grande porte abordando diretamente o efeito do ruído do tráfego rodoviário na incidência de hipertensão recém-diagnosticada”, comenta o pesquisador Jiandong Zhang, especialista em doenças cardiovasculares da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, nos EUA, que não fez parte do estudo, mas foi entrevistado pelo Earth. “Os dados apresentados pelo artigo fornecem ótimas evidências para justificar o potencial para a saúde cardiovascular de se modificar o ruído do tráfego rodoviário e da poluição do ar, tanto individualmente quanto em nível comunitário”.