Bem-Estar
Estudo associa suplementos para emagrecer e malhar a lesão hepática
A pesquisa australiana avaliou casos de pacientes internados com lesões graves no fígado decorrentes do consumo de suplementos fitoterápicos e dietéticos
Um estudo publicado na última segunda (26/7) no periódico científico The Medical Journal of Australia revela que entre 2009 e 2020 aumentou o número de pacientes internados em hospitais com lesões hepáticas graves causadas por suplementos fitoterápicos e dietéticos.
Essas substâncias alegam promover o crescimento muscular ou a perda de peso e em algumas pessoas o fígado ficou tão prejudicado que foi preciso realizar transplante, informa o jornal britânico The Guardian.
A pesquisa foi liderada pela médica Emily Nash, do hospital Royal Prince Alfred, de Sidney, na Austrália, e examinou registros hospitalares de 184 adultos com lesão hepática induzida por medicamentos entre 2009 e 2020.
Os cientistas descobriram que os casos de lesão hepática relacionada a suplementos fitoterápicos e dietéticos aumentaram 15% (de dois para 11 pacientes) entre 2009 e 2011, e de 47% (10 para 19 pacientes) entre 2018 e 2020.
Como mostra o jornal britânico, a lesão hepática causada por overdose de paracetamol (analgésico e antitérmico muito comum) e por antibióticos é comum, e os autores encontraram 115 casos durante o período do estudo.
Dos 69 casos de danos ao fígado não relacionados ao paracetamol, 19 envolveram antibióticos, 15 estavam ligados aos suplementos e o restante envolveu medicamentos antituberculose ou anticâncer.
A sobrevida dos pacientes com lesão hepática não relacionada ao paracetamol e que não fizeram transplante foi menor, concluem os cientistas.
“Comecei a perceber o aumento na admissão de pacientes com lesão hepática após o uso de suplementos para musculação, no caso dos homens, e para perda de peso, nas mulheres. Acabei decidindo fazer um estudo sobre isso para ver se meu palpite estava certo, ou seja, que essas substâncias estavam causando os ferimentos”, comenta o hepatologista Ken Liu, um dos autores do estudo, citado pelo The Guardian.
O cientista diz que é necessário haver uma regulamentação mais rigorosa para suplementos e outras terapias alternativas e naturais.