Bem-Estar
Ficar três dias ou mais sem fazer cocô pode aumentar risco de demência ou Alzheimer, diz estudo
Segundo pesquisa que analisou dados de 110.000 adultos, ficar mais de três dias constipado pode elevar em 73% o risco de declínio cognitivo
Ficar muito tempo sem fazer cocô está associado a um maior risco de declínio cognitivo. Estudo publicado na última terça (18/7) no periódico científico The New England Journal of Medicine, se soma a diversas evidências que sugerem que a saúde intestinal desempenha papel importante no aparecimento da demência e outras doenças cognitivas, como Alzheimer.
Para entender o papel da constipação na saúde do cérebro, a pesquisadora Chaoran Ma, da Universidade de Massachusetts Amherst, nos Estados Unidos, e seus colegas analisaram dados de mais de 110.000 adultos, que relataram a frequência das evacuações entre 2012 e 2013. Também foram avaliadas mudanças na memória, na atenção e em outros aspectos cognitivos ao longo de dois a quatro anos.
Como mostra o site americano New Scientist, os cientistas descobriram que aqueles com prisão de ventre crônica, que faziam cocô a cada três dias ou mais, apresentavam pior função cognitiva em comparação com os participantes que tinham movimentos intestinais diários. Essa diferença equivalia a três anos de envelhecimento do cérebro devido à constipação.
Não evacuar por três dias ou mais foi associado a um risco 73% maior de declínio cognitivo. Além disso, curiosamente, quem fazia cocô mais de uma vez por dia apresentou risco 37% maior de apresentar demência ou Alzheimer.
Ao realizar análise genética de amostras de fezes de 515 participantes, os pesquisadores descobriram que aqueles com pior saúde do cérebro e prisão de ventre crônica tinham menos bactérias (microbiota) intestinais responsáveis por digerir fibras. Eles também apresentavam maior concentração de bactérias intestinais conhecidas por causar inflamação.
Essas diferenças na composição da microbiota intestinal podem explicar por que a constipação prolongada está ligada ao declínio cognitivo, afirma Chaoran Ma, citada pelo New Scientist. Por exemplo, sabe-se que a inflamação persistente no intestino foi relacionada a danos nos neurônios de pessoas com doença de Alzheimer.
“No entanto, nosso estudo não foi projetado para testar as relações causais entre os movimentos intestinais [quantas vezes se faz cocô], o microbioma intestinal e a cognição”, comenta a cientista. Mesmo assim, as descobertas apoiam ainda mais a noção de que a saúde intestinal está intimamente relacionada ao cérebro.