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Bem-Estar

Praticar musculação com frequência pode aumentar risco de esclerose lateral amiotrófica

Por João Paulo Martins  em 13 de junho de 2021

Estudo britânico associa atividades físicas extenuantes ao maior risco de doenças do neurônio motor em pessoas com predisposição genética

Praticar musculação com frequência pode aumentar risco de esclerose lateral amiotrófica
(Foto: Freepik)

Praticar rotineiramente exercícios físicos extenuantes, como musculação, pode aumentar o risco de doenças do neurônio motor, especialmente a esclerose lateral amiotrófica (ELA), em pessoas que são geneticamente predispostas, revela estudo publicado em maio no periódico científico EbioMedicine.

Cientistas da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, afirmam que a pesquisa é um passo significativo na compreensão da relação entre altos níveis de atividade física e o desenvolvimento da doença neurodegenerativa, mas alertam que a maioria das pessoas que pratica exercícios vigorosos não desenvolve o problema.

“Suspeitamos há algum tempo que o exercício é um fator de risco para doença do neurônio motor, mas até agora este link foi considerado controverso”, afirma o pesquisador Johnathan Cooper-Knock, um dos autores do estudo, citado pelo jornal britânico The Independent.

O especialista acrescenta que o próximo passo é identificar quais indivíduos estão propensos ao maior risco caso se exercitem com frequência e intensamente e de quanto é esse aumento.

Pesquisas anteriores mostraram um risco estimado seis vezes maior de doença do neurônio motor, em especial a ELA, em jogadores de futebol profissionais, de acordo com os autores do artigo.

Doenças neurodegenerativas e atividade física

As doenças do neurônio motor como a esclerose lateral amiotrófica afetam as áreas do cérebro e da medula espinhal que conectam o sistema nervoso e os músculos para permitir o movimento do corpo. Como mostra o The Independent, cerca de 10% dos casos são herdados, mas os 90% restantes são causados por complexas interações genéticas e ambientais que ainda não são bem compreendidas.

No estudo da Universidade de Sheffield, foram usadas informações do banco de dados britânico UK Bank junto com informações do catálogo genético GWAS. Ao todo, os cientistas analisaram 124.842 pacientes com ELA e outros 225.650 sem doenças do neurônio motor, que serviram de controle.

É importante dizer que foram considerados exercícios extenuantes aqueles em que os participantes disseram ter feito por dois ou três dias toda semana, com duração de 15 a 30 minutos ou mais.

“Nosso estudo não apoia um papel causal entre exercícios pouco frequentes e de baixa intensidade [em relação à ELA}, mas apoia a toxicidade resultante de exercícios de lazer frequentes de alta intensidade”, afirmam os pesquisadores no artigo publicado em maio.

Segundo eles, os resultados sugerem que o exercício físico intenso de lazer tem maior probabilidade de incluir atividade anaeróbica extenuante (como musculação), o que explicaria a forte associação com as doenças do neurônio motor.

“Em conclusão, a evidência atual suporta uma relação causal complexa entre exercício físico e ELA. No entanto, está claro que, para a maioria dos indivíduos, os benefícios para a saúde de um estilo de vida fisicamente ativo superam os riscos”, concluem os pesquisadores britânicos.

Ainda assim, eles salientam que novos estudos são necessários para entender os fatores envolvidos nessa relação e buscar os melhores tratamentos.