Bem-Estar
Tirar soneca durante o dia pode ajudar na saúde do cérebro e evitar demência, diz estudo
Cientistas descobriram que pessoas que nascem "programadas" para cochilar de dia têm cérebro mais saudáveis. Entenda!
Estudo publicado na última segunda (19/6), na revista científica Sleep Health, cientistas descobriram uma associação entre pessoas de 40 a 69 anos que cochilam regularmente e o maior volume do cérebro – um marcador de boa saúde associado a um menor risco de demência e outras doenças.
“Nossas descobertas sugerem que, para algumas pessoas, cochilos curtos durante o dia podem ser uma parte do quebra-cabeça que ajudaria a preservar a saúde do cérebro à medida que ficamos mais velhos”, comenta a pesquisadora Victoria Garfield, da Universidade College de Londres, no Reino Unido, uma das autoras do estudo, em entrevista ao site da instituição de ensino britânica.
Pesquisas anteriores mostraram que cochilar pode gerar benefícios para o cérebro, com pessoas que tiraram soneca curta apresentando melhor desempenho em testes cognitivos, em comparação com as que não cochilaram.
Usando uma técnica chamada randomização mendeliana (calcula a relação de causa e efeito por meio de variantes genéticas), os cientistas analisaram 97 trechos de DNA que ajudariam a determinar a probabilidade de as pessoas cochilarem de forma rotineira. Eles avaliaram a saúde cerebral e a capacidade cognitiva de pessoas geneticamente “programadas” para tirar uma soneca em comparação com as que não tinham essas variantes genéticas. Para isso, a pesquisa usou informações de 378.932 pessoas que participam do banco de dados UK Biobank, e descobriram que, no geral, quem era predeterminado a cochilar tinha um volume cerebral maior.
Os cientistas estimam que a diferença média no volume do cérebro entre as pessoas “programadas” para terem sonecas habituais e as que não tinham essa variante equivalia de 2,6 a 6,5 anos de idade cognitiva.
“Este é o primeiro estudo que tenta desvendar a relação causal entre cochilo diurno habitual e as funções cognitiva e estrutural do cérebro. Ao observar os genes definidos no nascimento, a randomização mendeliana evita fatores de confusão que ocorrem ao longo da vida e que podem influenciar na relação entre cochilos e saúde cerebral. Nosso estudo aponta para uma ligação causal entre sonecas rotineiras e maior volume do cérebro”, explica a pesquisadora Valentina Paz, da Universidade da República, no Uruguai, outra autora do estudo, também em entrevista ao site da Universidade College de Londres..
Apesar dos resultados, os cientistas lembram que a pesquisa recém-divulgada possui limitações, já que todos os participantes eram de ascendência europeia branca, e não se sabe qual a duração do cochilo que geraria o benefício. Estudos anteriores sugeriam que sonecas de 30 minutos ou menos forneceriam benefícios cognitivos em curto prazo, e cochilar no início do dia poderia afetar menos o sono noturno.