Bem-Estar
Vaporizadores possuem várias substâncias perigosas, diz estudo
Cientistas australianos encontraram ingredientes cancerígenos nos líquidos usados pelos vaporizadores, incluindo um que é associado a desinfetantes e pesticidas
Muito populares entre os jovens, os vaporizadores, assim como os cigarros eletrônicos, podem ser “saborosos”, mas um estudo publicado nesta segunda (11/10) no periódico científico Medical Journal of Australia revela que eles são perigosos para a saúde.
Os cientistas analisaram 65 líquidos comumente usados em vaporizadores disponíveis na Austrália. De acordo com a emissora australiana ABC News, os resultados mostram que muitos contêm ingredientes cancerígenos e nocivos.
“Há um conjunto de produtos químicos lá, muitos são conhecidos por terem impactos negativos sobre a saúde pulmonar”, revela o pesquisador Alexander Larcombe, da Universidade de Curtin, na Austrália, um dos autores do estudo, citado pela emissora.
A pesquisa atual é uma continuação de outra realizada em 2019 pelos mesmos pesquisadores e que analisou 10 ingredientes dos vaporizadores, informa a ABC News.
No estudo recém-publicado, os cientistas analisaram produtos “livres de nicotina” em temperatura ambiente e depois de terem sido repetidamente aquecidos e resfriados num vaporizador.
“Muitas vezes ouvimos alguém dizer que ‘é muito mais seguro do que fumar’, mas qualquer coisa é mais segura que fumar. Muitas pessoas que estão usando essas coisas não estão tentando parar [de fumar]. São adolescentes que estão experimentando na escola”, alerta Alexander à emissora australiana.
Ingredientes que podem causar câncer
Os pesquisadores encontraram evidências de um grupo de substâncias químicas chamadas hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, normalmente associadas a cânceres de pulmão, bexiga e gastrointestinais.
Alexander Larcombe, citado pela ABC News, explica que foram achados diferentes níveis dessas substâncias cancerígenas.
“Não há realmente nenhum nível seguro de exposição ao hidrocarboneto aromático policíclico que seja aceitável”, diz o cientista da Universidade de Curtin.
O estudo também descobriu “níveis perigosamente altos” de benzaldeído irritante para os pulmões, que é adicionado aos líquidos dos vaporizadores para dar sabor de amêndoa – estava presente em 61 das 65 amostras.
“Isso muda a forma como algumas células dos pulmões funcionam. Prejudica os pulmões, que normalmente são responsáveis pela limpeza de patógenos”, comenta Alexander, citado pela emissora.
Os pesquisadores encontraram ainda altos níveis de um aromatizante de canela conhecido como trans-cinamaldeído em 48 dos líquidos.
Segundo a ABC News, esse componente é tão perigoso para a saúde que foi adicionada pela Administração de Produtos Terapêuticos (Therapeutic Goods Administration) da Austrália à lista de aromas proibidos.
Além desses ingredientes nocivos, o estudo publicado nesta segunda (11/10) detectou a presença de 2-clorofenol em até 30 amostras, uma sustância normalmente usada em desinfetantes e pesticidas.
Citado pela ABC News, Alexander Larcombe afirma que a suspeita é de que esse ingrediente seja resíduo de pesticidas pulverizados nas plantações usadas para gerar glicerol (tipo de álcool), um dos principais ingredientes dos líquidos dos vaporizadores.
Em 42 amostras avaliadas pelos cientistas foi encontrado um intensificador de sabor chamado álcool benzílico, em níveis muito elevados, que pode causar danos aos pulmões, como explica o pesquisador australiano.