Vitamina D pode reduzir em 60% o risco de morte por covid-19?

O membro do parlamento britânico David Davis, do partido conservador, fez uma série de tuites no dia 13 de fevereiro, citando um estudo que afirma que o uso da vitamina D (colecalciferol) no tratamento de pacientes com covid-19 reduz as mortes em 60%.

Porém, como mostra a agência de checagem de fatos do site americano Rappler, a pesquisa, não revisada por cientistas, foi pré-publicada na página da revista científica The Lancet no dia 22 de janeiro e, após ser considerada inconclusiva, foi retirada do ar.

“Removemos essa pré-impressão devido a preocupações com a descrição da pesquisa no artigo [científico]. Isso nos levou a iniciar uma investigação sobre o estudo. Os comentários postados na pré-impressão permanecerão disponíveis nesta página. Observe que este tópico de comentários está fechado para novas postagens”, diz o texto compartilhado pela The Lancet na página do famigerado estudo.

Sem confirmação científica

O Rappler lembra que a vitamina D é associada à melhoria do sistema imunológico e à prevenção de infecções do trato respiratório, mas ainda que vários estudos foram feitos para identificar se o nutriente é eficaz no tratamento e prevenção da covid-19, não houve nenhum resultado conclusivo.

Especialistas em saúde também criticaram a pesquisa pré-publicada na The Lancet, pedindo cautela na interpretação dos resultados. O site especializado em conteúdo de saúde Medscape Medical News cita as opiniões de especialistas da Queen Mary Universidade de Londres e da Universidade de Glasgow, ambas do Reino Unido, e da Escola de Medicina da Universidade de Yale, nos EUA, que afirmam que o estudo possui muitas limitações.

O pesquisador Adrian Martineau, do estudo CORONAVIT, realizado em parceria com o governo britânico e que trata da relação entre a suplementação de vitamina D e redução do risco e/ou da gravidade da covid-19, também disse ao Medscape Medical News que o estudo tinha falhas metodológicas.

Defensores da suposta qualidade do colecalciferol na redução dos efeitos do novo coronavírus no organismo também fazem referência a uma matéria publicada pelo jornal americano The New York Post no dia 27 de outubro de 2020. Nela é citado outro estudo sobre como 80% dos pacientes com covid-19 que foram avaliados pelos cientistas tinham deficiência de vitamina D.

No entanto, como alerta o site Rappler, esse estudo não encontrou diferença significativa na taxa de mortalidade entre os pacientes que tinham deficiência de colecalciferol e os que não tinham.