Bizarrice
Arábia Saudita quer construir a maior estrutura já feita pelo homem desde as pirâmides do Egito
A megaestrutura chamada Mirror Line compreende dois edifícios paralelos de quase 500 m de altura e 120 km de extensão
O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, da Arábia Saudita, decidiu construir uma megaestrutura nas terras áridas do noroeste do país, algo tão ambicioso quanto as pirâmides do Egito. O projeto compreende a maior estrutura do mundo: dois prédios de até 487 m de altura, que seguem paralelos por 120 km, cortando terrenos costeiros, montanhosos e desérticos, conectados por passarelas.
Segundo o jornal americano The Wall Street Journal, o projeto, intitulado Mirror Line, trata-se de uma espécie de condomínio vertical e deve custar até US$ 1 trilhão (R$ 5,5 trilhões), podendo abrigar nada menos que cerca de cinco milhões de pessoas.
Uma linha de trem de alta velocidade será o meio de transporte dos prédios espelhados. Para alimentar os moradores, o projeto prevê agricultura vertical integrada às edificações. Como forma de entretenimento, o Mirror Line terá um estádio de futebol localizado a cerca de 300 m de altura. O empreendimento contará ainda com uma marina para iates na parte inferior dos dois prédios.
A megaestrutura é apenas um de uma série de projetos que compõem o Neom, um empreendimento maior que o estado de Sergipe, com mais de 27.000 km², concebido pelo príncipe Mohammed para diversificar a economia do reino e reduzir a dependência do petróleo, informa o jornal americano. O Neom quer atrair investimentos estrangeiros e criar milhares de novos empregos. Uma parceria já confirmada é com a equipe de automobilismo McLaren.
O problema é que muitos países e empresas ocidentais estão boicotando a Arábia Saudita porque acusam o governo de violar os direitos humanos, como o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi por agentes sauditas em 2018.
A megaestrutura Mirror Line enfrenta ainda outros desafios, como o prazo de conclusão de 2030 imposto pelo plano nacional de transformação do príncipe e a migração de milhões de pássaros que usam os corredores que receberão os edifícios espelhados.
De acordo com o The Wall Street Journal, uma avaliação inicial dos impactos do Mirror Line, divulgado em janeiro de 2021, revelou que o empreendimento teria que ser construído em etapas e poderia levar 50 anos. Além disso, surgiram preocupações sobre a aglomeração de pessoas em ambientes fechados, mesmo após a pandemia, e os efeitos negativos sobre o lençol freático do deserto e no movimento de pássaros e outros animais.
O Mirror Line foi projetado pela empresa americana de arquitetura Morphosis Architects e envolve pelo menos nove outros consultores de design e engenharia, incluindo a WSP Global, com sede em Montreal, no Canadá, e Thornton Tomasetti, de Nova Iorque (EUA), revela o jornal americano.