São Lourenço zerou os leitos ocupados com covid-19 usando o "tratamento precoce"?

Está circulando uma mensagem nas redes sociais informando que a cidade de São Lourenço, no sul de Minas Gerais, seria um exemplo de uso do chamado "tratamento precoce" (com o vermífugo ivermectina, o anti-inflamatório hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina) no combate à covid-19, pois teria zerado o número de leitos ocupados por pacientes com o coronavírus.

"São Lourenço-MG tinha mais de 90% dos leitos hospitalares ocupados por causa do COVID-19, o prefeito Lessa, médico há 42 anos, adotou o tratamento precoce e hoje a cidade está com ZERO leitos ocupados, ZERO mortes por covid-19 e o comércio aberto", diz uma das mensagens que estão circulando na internet.

Porém, como seria de imaginar, trata-se de mais uma fake news relacionada à covid-19.

Entenda o boato

Antes de mais nada, não há qualquer comprovação científica de que o "tratamento precoce" para tratar a infecção causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) seja eficaz. Na verdade, vários estudos comprovaram que há risco no uso de hidroxicloroquina em pacientes com covid-19, já que o remédio para artrite reumatoide, malária e lúpus não gera efeitos contra o vírus.

Em relação à cidade de São Lourenço (MG), como mostra o site Boatos.org, especializado em desmentir fake news, as informações divulgadas pela prefeitura do município mineiro e pelo hospital São Lourenço não mostram qualquer redução drástica no número de casos da doença ou da liberação de leitos hospitalares.

O site do Sistema Único de Saúde (SUS) que traz dados atualizados sobre covid-19 no Brasil aponta que a cidade do interior de Minas registrou uma média de 18, novos casos da infecção causada pelo SARS-CoV-2 nos últimos 14 dias.

Além disso, na página do hospital São Lourenço no Facebook, um boletim sobre o coronavírus divulgado nesta terça (16/3) revela que a UTI está com 100% dos leitos ocupados (20 vagas) e a enfermaria está com 67% das vagas ocupadas (24 leitos).

"Engana-se também quem pensa que a cidade não tem restrições. Decretos de janeiro deste ano limitaram algumas atividades na cidade e também fecharam o atendimento na prefeitura. Mais do que isso: no próprio site na prefeitura há a recomendação de que se 'fique em casa'. Ou seja: o comércio até pode estar aberto, mas não está 'tudo liberado'", afirma o site Boatos.org.