Celebridades
Afinal, Richard Branson alcançou o espaço com o avião da Virgin Galactic?
Bilionário britânico é a 1ª pessoa a alcançar o espaço usando veículo próprio, mas sua concorrente Blue Origin, do americano Jeff Bezos, diz que ele não saiu da atmosfera terrestre
A competição pela conquista espacial entre o bilionário britânico Richard Branson, fundador da aeroespacial Virgin Galactic, e o bilionário americano Jeff Bezos, que criou a Blue Origin, começou no último domingo (11/7), com o súdito da rainha Elizabeth passando alguns minutos no espaço a bordo da espaçonave de sua empresa.
Ele se tornou a primeira pessoa a decolar em seu próprio veículo espacial. Por sua vez, Bezos, que é o homem mais rico do mundo, também planeja fazê-lo no próximo dia 20, com seu próprio foguete batizado de New Shepard e desenvolvido pela Blue Origin.
Ainda assim, a empresa aeroespacial americana não considera a viagem de Branson uma saída da atmosfera da Terra.
Onde começa o espaço?
A competição entre bilionários desencadeou um debate sobre qual é o verdadeiro limite a partir do qual o espaço começa. É que a atmosfera da Terra não termina numa “linha definida” no céu. Em vez disso, ela afina e desbota, gradualmente.
Muitos cientistas concordam que a fronteira espacial é a chamada Linha Kármán: distância de 100 km da superfície do planeta a partir da qual a atmosfera não consegue mais suportar aeronaves voando em velocidades suborbitais.
No entanto, o consenso em torno desse limite não é unânime. O próprio governo dos Estados Unidos usa diferentes definições de espaço em diferentes contextos. A Nasa concede o título de astronauta a qualquer pessoa que viaje a mais de 80 km de altitude. Mas o Controle da Missão da Nasa considera formalmente que a fronteira com o espaço é de 122 km, portanto, acima da Linha Kármán.
Daí a polêmica entre os bilionários: o voo de Richard Branson ultrapassou o limite reconhecido pela Nasa como a borda do espaço, mas abaixo da Linha Kármán. Já a empresa de Jeff Bezos pretende enviar turistas para além de 100 km de altitude.
Apesar de a Blue Origin ter parabenizado o colega britânico, no Twitter, a empresa listou as maneiras pelas quais ele acha que as viagens turísticas de sua empresa fez questão de comparar sua espaçonave com o “avião” da Virgin Galactic.
“Desde o início, New Shepard foi projetado para voar acima da Linha Kármán, então nenhum de nossos astronautas tem um asterisco ao lado de seu nome. Para 96% da população mundial, o espaço começa 100 km acima da Linha Kármán, reconhecida internacionalmente”, escreve a empresa de Jeff Bezos na rede social.
Elon Musk, fundador da SpaceX e outro bilionário rival de Branson e Bezos na corrida pelo turismo espacial, ainda não comentou a polêmica. No domingo (11/7), ele viajou ao Novo México para acompanhar a empreitada do colega britânico e parabenizá-lo pelo voo.
A principal diferença entre as empresas aeroespaciais é que Blue Origin e SpaceX voam no estilo Apollo (da Nasa), ou seja, usam cápsulas acopladas no topo de foguetes, em vez de um avião espacial reutilizável como a Virgin Galactic.
Após o sucesso de domingo, a empresa de Richard Branson planeja mais dois voos testes para iniciar as operações comerciais regulares no início de 2022. E, a longo prazo, pretende fazer 400 voos por ano.
Cerca de 600 ingressos já foram vendidos para pessoas de 60 países por um preço entre US$ 200.000 (R$ 1,04 milhão) e US$ 250.000 (R$ 1,31 milhão).