Celebridades
Quem é MacKenzie Scott, a mulher mais poderosa do mundo, que doou milhões para a ONG Sou da Paz?
A bilionária americana ficou conhecida ao ajudar o marido Jeff Bezos a fundar a Amazon, gigante do comércio eletrônico e do entretenimento
Três anos atrás, a americana MacKenzie Scott, de 51 anos, era escritora, esposa e mãe de quatro filhos, quando começou um grupo anti-bullying e, nos anos 1990, ajudou seu marido a lançar a Amazon. Ela manteve um perfil discreto, mas depois se divorciou de Jeff Bezos, conseguiu um quarto de sua participação na Amazon e quase imediatamente começou a planejar como doar tudo. “Tenho uma quantia desproporcional de dinheiro para compartilhar”, escreveu ela em maio de 2019, segundo a revista americana Forbes. Nessa data, Scott prometeu doar pelo menos metade de sua riqueza para a caridade. 'Vou continuar até que o cofre esteja vazio".
Uma das últimas doações da bilionárias americana foi para a ONG brasileira Instituto Sou da Paz, que atua há 23 anos no combate à violência no país. A estimativa é que a ex-esposa de Jeff Bezos tenha doado R$ 6 milhões à organização.
De acordo com a Forbes, MacKenzie Scott vem cumprindo sua palavra e em um ritmo recorde e com total controle sobre para onde vai o dinheiro. Em pouco mais de dois anos, de sua fortuna avaliada em US$ 57 bilhões (R$ 287 bilhões), doou US$ 8,6 bilhões (R$ 43 bilhões) para 780 organizações que promovem questões como equidade de gênero, justiça racial e saúde pública. Ela fez isso sem uma entidade por trás e com poucas evidências de que exista uma equipe trabalhando em tempo integral com as doações.
Em vez disso, conforme explica a revista americana, a bilionária trabalha com o marido Dan, pesquisadores e consultores da ONG Bridgespan. Ela não responde a ninguém, não tem conselho de administração e, porque não está fazendo doações por meio de uma fundação de caridade, também não se sabe. Em comparação, a Fundação Bill & Melinda Gates, do fundador da Microsoft, tem quase 1.800 funcionários, fez US$ 5,8 bilhões (R$ 29,29 bilhões) em doações em 2020. Scott distribuiu pouco mais de US$ 5,8 bilhões nesse mesmo ano.
Mackenzie Scott usa uma filosofia de doação “sem compromisso”, o que significa que cada organização pode usar os fundos da maneira que achar melhor, revela a Forbes. “O valor [doado] capacita os receptores, fazendo com que se sintam valorizados e desbloqueando suas melhores soluções”, disse a americana em junho de 2021, citada pela revista.
Enquanto os bilionários, como o ex-marido dela e o sul-africano Elon Musk, estão brigando para ver quem chega ao espaço, Scott está usando sua enorme fortuna não apenas para apoiar organizações sem fins lucrativos que fazem um bom trabalho, mas também para desafiar a forma como a riqueza e o poder são acumulados nos Estados Unidos.
“Colocar grandes doadores no centro das discussões de igualdade social é uma distorção. Nesse sentido, somos governados por uma crença humilde de que seria melhor se a riqueza desproporcional não estivesse concentrada em um pequeno número de mãos e que as soluções fossem melhor projetadas e implementadas por outros”, escreveu MacKenzie Scott nas redes sociais também em junho de 2021, segundo a Forbes.
Muitas das mulheres mais poderosas do mundo ainda estão ligadas a alguém. No caso da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, é seu chefe, o presidente Joe Biden. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, eleita pelos líderes da União Europeia, tem um conselho executivo (e um conselho de governo) que costura seu processo decisório. Até Melinda Gates, agora bilionária por direito próprio após o divórcio de Bill Gates, lidera a fundação ao lado de seu ex, mas afirmou que, se eles não se derem bem nos próximos dois anos, deixará a instituição. Enquanto isso, MacKenzie Scott não tem restrições.
Por essas razões, a Forbes nomeou a ex-esposa de Jeff Bezos a mulher mais poderosa do mundo.