Ciência
Big Bang pode não ter existido, segundo estudo
Cientistas acreditam que fenômenos que contrariam a teoria da relatividade de Einstein precisam de outra explicação, inclusive o surgimento do Universo
Um dos mistérios da nossa existência é a origem do Universo, se o Big Bang realmente existiu. Para o físico português Bruno Bento, da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, citado pelo site americano Syfy Wire, o Universo pode não ter tido começo, explodindo do nada e expandindo rapidamente de átomos até chegar ao que temos hoje.
Essa teoria consta de um ensaio publicado em setembro no repositório científico online arXiv (não foi avaliado por terceiros). Segundo o site americano, a relatividade geral criada pelo físico alemão Albert Einstein em 1905 não suporta a ideia de singularidade como as encontradas em buracos negros e no Big Bang.
“Às vezes, a relatividade geral nos dá ideias de infinitos que não consideramos possíveis na física. Isso é o que queremos dizer quando vemos essa teoria cair por terra e precisamos de algo novo para descrever regiões de forte gravidade onde não há uma resposta científica”, afirma Bruno Bento ao Syfy Wire.
A maioria dos cientistas acredita que Einstein está certo sobre a relatividade geral, ou de que nossa percepção da gravidade surge da curvatura do espaço e do tempo. Porém, alguns fenômenos do espaço insistem em quebrar essa ideia.
Os buracos negros, como mostra o site americano, são um território perigoso para a relatividade geral porque há muitos aspectos deles que não podemos ver, como o que se passa dentro deles, onde nem a luz consegue escapar.
A teoria de Einstein não explica o tamanho extremo e as energias envolvidas nos buracos negros e no Big Bang. Existe um limite que não podemos cruzar quando se trata de singularidades ou partes do espaço-tempo onde tudo que sabemos sobre a física de repente perde sentido.
Apesar de não podermos testar em laboratório esses fenômenos, a física teórica ajuda a oferecer algum entendimento. Ao Syfy Wire, Bruno Bento afirma que a partir do momento em que a relatividade geral deixa de ser possível, podemos usar a escala de Planck, que declara um limite mínimo para o Universo – embora a teoria de Einstein ainda possa acontecer além desse limite.
Isso significa para a passagem de tempo é formada por “eventos” ou pontos específicos no espaço-tempo. O “agora” corresponde ao momento em que surge um evento, a partir do qual surgirão novos elementos no topo do conjunto, de modo que a passagem de tempo significa um após o outro. O “passado” são todos os elementos que já surgiram e o “futuro”, aqueles que ainda estão por vir.
“Uma consequência disso é que o passado é finito e o Universo tem um começo”, comenta o físico português ao site.
Então, como o ensaio publicado no arXiv afirma que não houve um Big Bang? Na opinião de Bruno, a escala de espaço-tempo pode crescer potencialmente na direção do passado e do futuro. E se pode fazer isso, significa que não há começo ou fim. O que pensamos como “tempo” pode ser apenas uma maneira de tentar entender algo que, de outra forma, faria nosso cérebro “explodir”.
Para o cientista, citado pelo Syfy Mire, o Universo seria exatamente o mesmo sem um Big Bang. Não é que a relatividade geral simplesmente tenha desaparecido. Ela pode explicar tudo que vemos pelas observações diretas, seja por telescópio, a olho nu ou de outra forma. Portanto, nosso Sistema Solar e tudo o que pode ser observado nele são reais.
“O problema aparece quando não podemos ver. Dito isso, é geralmente aceito que não existe uma singularidade do Big Bang, nem as dos buracos negros. O debate é o que substituirá essas teorias e como”, completa o físico da Universidade de Liverpool.