Ciência
Cientistas analisam se sorriso falso pode trazer benefícios para nosso bem-estar
Estudo feito com milhares de voluntários revela que sorrir pode gerar certa felicidade, mas não é uma opção para a melhora do bem-estar geral
Sorrir é o melhor remédio, diz o ditado popular, mas e quando não é natural? Pesquisadores recrutaram milhares de pessoas de todo o mundo para testar o efeito para a saúde do sorriso forçado.
No estudo, publicado na última quinta (20/10) na revista científica Nature Human Behavior, cerca de 3.800 voluntários de 19 países foram solicitados a sorrir ou manter uma expressão neutra para, em seguida, terem o nível de felicidade medido pelos cientistas.
Se os participantes soubessem que estavam sendo estudados, isso poderia influenciar a forma como eles classificaram os efeitos dos sorrisos. Então, os pesquisadores criaram alguns experimentos falsos para despistar os voluntários. Eles fingiram que estavam estudando os efeitos de pequenos movimentos e distrações na capacidade de resolver problemas de matemática e deram comandos como “Coloque a mão esquerda atrás da cabeça e pisque os olhos uma vez por segundo durante cinco segundos”.
Em outro momento, os participantes tiveram que colocar uma caneta entre os dentes cerrados ou segurá-la com os lábios. Em uma segunda tarefa, os voluntários imitaram a foto de um ator sorrindo ou mantendo uma expressão neutra. O nível de felicidade foi medido no final dessas práticas.
Por fim, em uma terceira tarefa, os pesquisadores pediram aos voluntários que fizessem uma expressão feliz movendo os cantos dos lábios em direção às orelhas e elevando as bochechas ou então, que mantivessem uma postura facial neutra.
Após cada ação, mesmo as falsas, os participantes realizaram um problema simples de matemática, um questionário de felicidade e ansiedade e uma pesquisa de raiva, cansaço e confusão.
Como mostra o site americano Science Alert, a sensação de felicidade aumentou um pouco após cada sorriso, mas o efeito foi maior nas tarefas de imitar a expressão facial do ator do que na tarefa da caneta na boca.
“Consistente com uma meta-análise anterior, esses resultados sugerem que a resposta facial pode não apenas amplificar sentimentos contínuos de felicidade, mas também iniciar sentimentos de felicidade em contextos neutros”, escrevem os cientistas, citados pelo site.
Os pesquisadores acreditam que tarefas como a de imitar uma expressão facial possam ser menos chatas do que outras, como manter um “olhar vazio”, o que influenciaria a felicidade dos participantes do estudo.
Como metade dos participantes observou imagens alegres para cada tarefa que incluía sorriso no experimento, foi possível testar também se o efeito do sorriso na felicidade era maior quando havia um estímulo positivo. Os resultados mostram que a felicidade surgiu com ou sem estímulos emocionais, revela o Science Alert.
De acordo com os pesquisadores, fingir um sorriso pode influenciar nosso humor porque as pessoas acreditam que estão felizes enquanto sorriem ou porque sorrir ativa automaticamente processos biológicos associados à emoção.
Então é possível melhorar o humor apenas sorrindo no espelho por cinco segundos, todas as manhãs? Isso ainda gera controvérsia.
“É possível que efeitos relativamente pequenos da expressão facial possam se acumular na forma de mudanças significativas do bem-estar com o passar do tempo. No entanto, como o efeito das imagens positivas sobre a felicidade não se mostrou uma intervenção importante para o bem-estar, muitos, mas não todos os autores deste artigo, acham improvável que as respostas faciais também sejam significativas", afirmam os cientistas, citados pelo site americano.