Ciência
Cientistas criam tecido capaz de “ouvir” sons
O material age como o ouvido humano e transforma as virações sonoras em impulsos elétricos
Parece ficção, mas pesquisadores criaram um tipo de tecido que é capaz de “ouvir”. Com isso, será possível criar uma camisa com características de microfone, convertendo som em vibrações e sinais elétricos para que podem ser gravados. Segue os mesmos princípios do ouvido humano.
A invenção foi descrita em estudo publicado na última quarta (16/3) na revista científica Nature.
Como mostra o jornal britânico The Independent, a capacidade de audição do tecido é incrivelmente precisa: ele pode capturar sons que variam de uma biblioteca silenciosa a uma estrada movimentada e até descobrir a direção dos barulhos.
“Usando uma roupa acústica, você pode falar através dela para atender telefonemas e se comunicar com outras pessoas. Além disso, o tecido pode interagir de forma imperceptível com a pele humana, permitindo que os usuários monitorem as condições cardíacas e respiratórias de maneira confortável, contínua, em tempo real e de longo prazo”, diz o pesquisador Yet Wan, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos EUA, principal autor do estudo, citado pelo jornal britânico.
Todos os tecidos vibram em resposta ao som – embora essas vibrações geralmente sejam tão pequenas que passam despercebidas. Normalmente, a principal relação dos panos com o barulho é amortecê-lo, tanto é que costumam ser usados em estúdios para isolamento acústico.
No estudo recém-publicado, os pesquisadores mudaram a forma como o tecido responde aos sons. Usando um material diferenciado, com propriedade piezoelétrica, conseguiram transformar as vibrações do pano em sinais elétricos e, assim, gerar ondas sonoras.
Mesmo quando foi transformado em uma peça de vestuário, costurado nas costas de uma camisa, o material foi capaz de captar o som de pessoas batendo palmas ao seu redor, revela o The Independent. Inclusive, o tecido reconheceu o ângulo de onde as palmas estavam sendo originadas, a três metros de distância.