Ciência
Cientistas ficam surpresos com diversidade de bactérias em regiões vulcânicas do Havaí
A presença e variedade dos micro-organismos pode ajudar a entender a vida primitiva na Terra e em planetas como Marte
Cientistas ficaram surpresos com a variedade de bactérias encontradas em cavernas de lava e fontes geotérmicas na grande ilha do Havaí. As descobertas foram relatadas em estudo publicado na última quinta (21) na revista científica Frontiers in Microbiology.
A análise desses ecossistemas microbianos podem ajudar a entender como a vida pode ter existido em Marte e na Terra primitiva. Segundo o site americano SciTechDaily, os resultados mostram que as bactérias conhecidas como chloroflexi costumam estar conectadas com muitas outras espécies e, normalmente, desempenham papéis ecológicos cruciais na comunidade.
“Este estudo aponta para a possibilidade de que linhagens mais antigas de bactérias, como o filo chloroflexi, possam ter importantes ‘trabalhos’ ou papéis ecológicos. As chloroflexi são um grupo de bactérias extremamente diversificado, com muitos papéis diferentes encontrados em muitos ambientes diferentes, mas elas não são bem compreendidas, por isso não sabemos o que fazem nessas comunidades. Alguns cientistas chamam esses grupos de ‘matéria escura microbiana’, microrganismos invisíveis ou não estudados na natureza”, explica a pesquisadora Rebecca D. Prescott, da Universidade do Havaí em Manoa (EUA), uma das autoras do estudo, citada pelo site americano.
Os cientistas coletaram 70 amostras em diferentes locais da ilha principal do Havaí, incluindo fontes geotérmicas ativas (fumarolas), bem como tubos de lava e cavernas “jovens e antigas”, entre 400 e 800 anos, para ter uma noção de como as comunidades bacterianas podem mudar ao longo do tempo.
O estudo determinou a diversidade e abundância das classes bacterianas em cada amostra sequenciando o RNA ribossômico presente nas amostras, explica o SciTechDaily.
A expectativa era que em condições mais severas, como as fontes geotérmicas, a diversidade dos micróbios fosse menor do que nos tubos de lava, mais estáveis e habitáveis. Os resultados apontam que, embora a diversidade tenha sido realmente menor, os pesquisadores se surpreenderam ao descobrir que as interações dentro das comunidades presentes nas fumarolas eram mais complexas do que nos locais de maior diversidade.
“Isso leva à pergunta: ambientes extremos ajudam a criar comunidades microbianas mais interativas, com micro-organismos mais dependentes uns dos outros? E se sim, o que há nos ambientes extremos que ajudam a criar isso?”, questiona Rebecca Prescott, citada pelo site americano.
Como o estudo atual foi baseado no sequenciamento parcial de um gene, ele não pode determinar com precisão as espécies de micróbios ou seus “trabalhos” na comunidade. Portanto, mais pesquisas são necessárias para ajudar a revelar as espécies individuais que estão presentes, bem como para entender melhor os papéis dessas bactérias no meio ambiente.