Ciência
Cientistas identificam a primeira múmia egípcia grávida da história
Tomografias mostraram que um corpo feminino embalsamado do Museu Nacional de Varsóvia, na Polônia, estava com cerca de 27 semanas de gestação
Exame de uma antiga múmia egípcia pertencente ao Museu Nacional de Varsóvia, na Polônia, revelou o primeiro caso conhecido de grávida embalsamada.
A descoberta de que a múmia, que a princípio se acreditava ser o corpo do general egípcio Hor-Djehuty, era, na verdade, uma mulher, ocorreu em 2016, mas o novo estudo, publicado na última quarta (28/4) no jornal científico Journal of Archaeological Science, revelou que a egípcia embalsamada estava grávida.
“Estávamos prestes a concluir o projeto, quando meu marido Stanislaw, um arqueólogo egípcio, olhou as imagens de raio-x e viu um pezinho no útero da falecida”, afirma a antropóloga Marzena Ozarek-Szilke, da Universidade de Varsóvia, uma das autoras do estudo, citada pelo site polonês The First News.
A múmia foi submetida a vários conjuntos de tomografias e raios-X que permitiram um exame mais detalhado de todo o feto. Com isso, foi possível determinar que a mulher estava entre as 26ª e a 28ª semana de gestação.
Os pesquisadores ainda não sabem dizer o sexo do feto.
“Por razões desconhecidas, o feto não foi removido do abdômen da falecida durante a mumificação. É por isso que essa múmia é realmente especial. ‘Nossa’ múmia é única reconhecida no mundo com um feto no útero”, comenta o pesquisador Wojciech Ejsmond, da Academia Polonesa de Ciências, outro autor do estudo, também citado pelo site.
Do general à grávida
Como explica o The First News, análises anteriores com tomografia computadorizada sugeriram que a múmia era de uma mulher e não do general, apesar de o sarcófago trazer hieróglifos com o nome do egípcio.
Análises mais detalhadas convenceram os cientistas de que realmente era uma mulher estava sob as bandagens.
Uma das coisas que perceberam nas tomografias foi a falta de pênis. “Os egípcios mumificariam o órgão. Geralmente se mantém bem preservado”, afirma Marzena Ozarek-Szilke, citada pelo site polonês.
Ao realizar uma reconstrução em 3D do corpo da egípcia, por meio da tomografia computadorizada, foi possível ver seus cabelos longos e encaracolados descendo até os ombros e os seios mumificados.
Os cientistas ainda não descobriram a causa da morte. A estimativa deles é que a mulher morreu quando tinha de 20 a 30 anos.
De acordo com a antropóloga Ozarek-Szilke, na entrevista ao The First News, as bandagens usadas possuem vestígios do sangue da falecida. Com isso, a intenção é analisar esse material para saber se é possível descobrir a causa da morte – certas toxinas podem indicar doenças específicas.