Ciência
Cientistas identificam nuvens de "areia" em exoplaneta descoberto pelo telescópio James Webb
Localizado fora do Sistema Solar, o planeta VHS 1256 b possui uam atmosfera turbulenta formada por nuvens de silicato, mesmo material da areia terrestre
Na semana passada, o telescópio espacial James Webb fez imagens de quatro planetas que estão localizados fora do nosso Sistema Solar. Agora, um estudo pré-publicado (ainda não revisado) no repositório online arXiv diz ter encontrado a presença de nuvens de sílica semelhantes a tempestades de areia na atmosfera do exoplaneta VHS 1256 b.
Como mostra a revista americana Forbes, a atmosfera nublada desse planeta é violenta e turbulenta. A diferença para a Terra é que essas nuvens não são feitas de gotículas de vapor de água, mas de partículas de silicato, como se fossem fumaça. “Uma ótima maneira de entender nessas nuvens é pensá-las como objetos feitos de partículas minúsculas, no caso, o silicato, mesma coisa que compõem os grãos de areia terrestres”, comenta o pesquisador Sasha Hinkley, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, um dos autores do estudo, citado pela revista.
Há décadas, astrônomos utilizam modelos computacionais para simular atmosferas de exoplanetas e já haviam previsto a existência de partículas semelhantes a fumaça, mas graças à capacidade técnica do James Webb, foi possível detectá-las.
Além de nuvens, os cientistas também dizem ter encontrado dióxido de carbono na atmosfera de VHS 1256 b, revela a Forbes. Isso se dá apenas alguns dias após o telescópio espacial detectar, de forma inédita, esse mesmo gás em outro exoplaneta.
“Em uma atmosfera calma, há uma proporção esperada de, digamos, metano e monóxido de carbono. Mas em muitas atmosferas de exoplanetas, estamos descobrindo que essa proporção é muito distorcida, sugerindo que há uma força vertical turbulenta, dragando o dióxido de carbono das profundezas para se misturar com o metano mais alto na atmosfera”, explica Hinkley à revista americana.
A descoberta desse “desequilíbrio químico" em um exoplaneta distante é uma descoberta importante do James Webb.
O VHS 1256 b é um lugar bem estranho. Ele gira em torno não de uma, mas de duas estrelas anãs marrons que orbitam entre si. Além disso, o planeta não possui uma órbita circular, mas orbita o sistema estelar binário de forma “excêntrica”, muito oval, revela a Forbes. O exoplaneta está a “apenas” 72 anos-luz da Terra, perto da constelação de Corvus.
Ele possui de 12 a 16 vezes a massas de Júpiter e é tão grande que pode ser candidato a “estrela anã marrom que deu errado", em vez de um planeta. Por isso os cientistas no estudo pré-publicado se referem ao VHS 1256 b de “companheiro de massa planetária”. “Definitivamente não é parecido com a Terra. É muito mais como um gigante gasoso, um ‘super-Júpiter’”, comenta Sasha Hinkley.
Outro dado curioso é que o exoplaneta muito distante de suas estrelas, a aproximadamente 360 vezes a distância Terra-Sol, levando 17.000 anos para completar a órbita.