Ciência
Cientistas usam física para confirmar que vivemos em um simulação computacional
No estudo recém-publicado, um físico britânico usou a segunda lei da infodinâmica para testar a ideia de que vivemos em um Universo simulado
Um artigo filosófico publicado em 2003 diz que nossa realidade não passa de uma simulação computacional. Trata-se de um experimento mental, mas em estudo publicado na última sexta (6/10), no periódico científico AIP Physics, cientistas decidiram testar essa ideia e descobriram que ela pode ser verdade.
A simulação foi testada usando a segunda lei da infodinâmica, desenvolvida pelo físico Melvin Vopson, da Universidade de Portsmouth, e pelo matemático Serban Lepadatu, do Instituto Jeremiah Horrocks de Matemática, Física e Astronomia, ambas instituições do Reino Unido. Essa teoria apoia a noção de que tudo que temos hoje foi criado por um modelo sofisticado criado por um supercomputador.
“Reexaminamos a segunda lei da infodinâmica e sua aplicabilidade às informações digital e genética, à física atômica, às simetrias matemáticas e à cosmologia, e tivemos evidências científicas que parecem sustentar a hipótese do universo simulado”, diz Vopson, citado pelo site americano Science Alert.
A segunda lei da infodinâmica é baseada na segunda lei da termodinâmica, que afirma que qualquer processo que ocorra naturalmente no Universo resultará em uma perda de energia e no aumento da desordem (entropia) do sistema.
No estudo recém-divulgado, a nova lei foi aplicada em uma série de áreas, como genética, cosmologia, física atômica, simetria e, claro, na hipótese de simulação.
Na genética, Melvin Vopson analisou sequências de RNA de diferentes variantes do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Ele descobriu que todas as cepas mostraram uma diminuição na entropia da informação à medida que sofriam mutação. As descobertas também sugeriram que havia algum mecanismo da segunda lei da infodinâmica que governava a mutação, em vez de ser algo aleatório.
Ele também descobriu que os elétrons em um átomo se organizam de forma a minimizar a desordem da informação; e que, para que o Universo continue a se expandir, o aumento da entropia física deve ser equilibrado pela diminuição da entropia da informação.
Ele também descobriu que a prevalência da simetria no Universo – desde um pequeno floco de neve até uma impressionante galáxia espiral – pode ser explicada pela segunda lei da infodinâmica.
“Essa abordagem, onde o excesso de informação é removido, assemelha-se ao processo de um computador apagar ou comprimir código residual para poupar espaço de armazenamento e otimizar o consumo de energia. Como resultado, apoia a ideia de que estamos a viver numa simulação”, comenta o físico, citado pelo Science Alert.
Os próximos passos serão validar essas descobertas de forma experimental. Se estivermos vivendo em uma simulação, então a informação seria o alicerce fundamental do nosso Universo – tal como os bits são a unidade fundamental da computação – e pode, como Melvin Vopson propôs anteriormente, ter massa.
Se esse for o caso, a massa poderá ser detectada pela destruição de informações em colisões de partículas contra antipartículas.