Ciência
Composto presente em cogumelo psicodélico pode ajudar no tratamento da depressão
Cientistas descobriram que a psilocibina ajuda o cérebro a sair dos pensamentos negativos, comuns em pessoas deprimidas
Um composto psicoativo encontrado em cogumelos que causam efeito psicodélico pode ajudar o cérebro de pessoas que sofrem de depressão e torná-las menos fixadas em padrões de pensamento negativo, sugere estudo publicado na revista científica Nature Medicine na última segunda (11/4).
Cientistas descobriram que a psilocibina torna o cérebro mais flexível, funcionando de forma diferente dos antidepressivos comuns, mesmo semanas após o uso, tornando a substância uma alternativa viável para tratamentos do transtorno.
Como mostra o jornal britânico The Guardian, os padrões de atividade cerebral na depressão podem se tornar rígidos e restritos, e a psilocibina seria capaz de ajudar o cérebro a sair da rotina de uma maneira que as terapias tradicionais não conseguem.
“As descobertas são importantes porque, pela primeira vez, descobrimos que a psilocibina funciona de maneira diferente dos antidepressivos convencionais, tornando o cérebro mais flexível e fluido e menos enraizado no negativo, nos padrões de pensamento associados à depressão. Isso apoia nossas previsões iniciais e confirma que a psilocibina pode ser uma abordagem alternativa para tratamento da depressão”, afirma o pesquisador David Nutt, da Universidade Imperial College de Londres, no Reino Unido, principal autor do estudo, citado pelo jornal.
Em estudos anteriores, segundo os cientistas, foi observado um efeito semelhante no cérebro quando os voluntários foram examinados enquanto ingeriam um composto psicodélico. Mas na pesquisa atual, o efeito se manteve semanas após o tratamento para a depressão.
A psilocibina é um dos vários ingredientes psicoativos que estão sendo explorados como uma terapia potencial para transtornos psiquiátricos. As novas descobertas são baseadas na análise de exames cerebrais de cerca de 60 pessoas que recebem tratamento para depressão, informa o The Guardian.
Os participantes que responderam à terapia assistida por psilocibina mostraram aumento da conectividade cerebral não apenas durante o tratamento, mas até três semanas depois. Esse efeito de abertura da mente foi associado ao relato de melhoria no estado deprimido.
De acordo com os pesquisadores, mudanças semelhantes na conectividade cerebral não foram observadas nos voluntários que usaram antidepressivo convencional, no caso, escitalopram, sugerindo que o ingrediente psicoativo do cogumelo funciona de maneira diferente no tratamento da depressão.
Mas os autores alertam que, embora os resultados sejam encorajadores, os pacientes com depressão não devem se automedicar com psilocibina, pois ingerir cogumelos mágicos ou usar psicoativos sem acompanhamento médico pode não gerar resultado positivo.