Ciência
Conheça o animal que pode perder a cabeça e viver sem o corpo
Espécies de lesma-do-mar encontradas no Japão realizam a façanha de se decapitar e regenerar o corpo
Um estudo publicado na última segunda (8/3) na revista científica Current Biology revela que as lesmas-do-mar, às vezes, decepam a própria cabeça e o corpo cresce de novo.
Embora existam outros casos na natureza de animais que realizam o processo chamado autotomia, como as lagartixas que perdem as caudas e as geram novamente, o exemplo da lesma-do-mar foi considerada pelos pesquisadores como o mais extremo conhecido pela ciência.
O estudo recente surgiu quando a pesquisadora japonesa Sayaka Mitoh entrou em seu laboratório certa vez e percebeu que uma das lesmas-do-mar havia se decapitado e a cabeça continuava vivendo. Em seguida, outros indivíduos fizeram o mesmo.
Ela então se juntou à colega Yoichi Yusa, ambas da Universidade Feminina de Nara, para tentar recriar o fenômeno.
Induzindo a autotomia
As cientistas cortaram as cabeças de 16 lesmas-do-mar japonesas de duas espécies diferentes. Seis começaram a regenerar. Uma até perdeu e recuperou o corpo outras duas vezes.
“Ficamos surpresas ao ver a cabeça se movendo logo após a autotomia. Pensamos que ela morreria em breve sem um coração e outros órgãos importantes, mas ficamos espantadas ao descobrir que regenerava o corpo inteiro”, comenta Sayaka Mitoh, citada pelo site Science Daily.
As duas cientistas acreditavam que um animal relativamente grande – essas lesmas podem crescer até 15 cm de comprimento – não sobreviveria sem coração para bombear sangue e nutrientes para o cérebro.
Mas o segredo para essa façanha espetacular, segundo acredita Yoichi Yusa, citada pelo site especializado, é provavelmente o que o animal a realizar o truque. Quando as lesmas marinhas comem um certo tipo de alga, podem fotossintetizar alimentos a partir da luz do sol e do oxigênio, assim como uma planta, por cerca de 10 dias.
Provavelmente, após a decapitação, a cabeça age como uma “planta”, completa a cientista japonesa. A lesma fica com um tom esverdeado e obtém sua energia do oxigênio e da luz solar. O fato de reduzir seu tamanho drasticamente também ajuda.
Como mostra o Science Daily, essas espécies marinhas desenvolveram uma autotomia “radical” como forma de enfrentar parasitas.
As cientistas esperam que a descoberta possa ajudar a entender e lidar com a regeneração do tecido humano.