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Ciência

Crânio misterioso encontrado em caverna da Itália tem quase 6.000 anos

Por João Paulo Martins  em 03 de março de 2021

Além disso, a caveira fez uma “viagem” do local do enterro até seu repouso milenar perto de Bolonha

Crânio misterioso encontrado em caverna da Itália tem quase 6.000 anos
Arqueóloga recupera crânio humano de 5.600 anos no topo de uma caverna em Marcel Loubens, na área de Bolonha, no norte da Itália (Foto: Belcastro et al/PLOS ONE/Creative Commons/Divulgação)

Achar um crânio dentro de uma caverna já é algo insólito, certo? Imagine saber que essa cabeça fez uma “viagem” até seu destino final?

Isso aconteceu há cerca de 5.600 anos. O crânio de uma mulher da Idade da Pedra fez uma viagem inesperada quando lama e água o levaram do cemitério até uma caverna íngreme no que hoje é a Itália, segundo estudo publicado nesta quarta (3/3) no periódico científico PLOS ONE.

Quando os arqueólogos encontraram o crânio, seu local de descanso no poço da caverna era tão difícil de alcançar que só foi recuperado usando equipamento de escalada.

Após análise, os pesquisadores descobriram que a caveira estava muito arranhada. Em princípio, não conseguiam entender o que acontecera com a mulher de “meia idade”.

Crânio misterioso encontrado em caverna da Itália tem quase 6.000 anos
Diferentes visões do crânio da mulher neolítica exibem as áreas com lesões em seu exterior (Foto: Belcastro et al/PLOS ONE/Creative Commons/Divulgação)

Mas, depois de determinar quais das lesões do crânio provavelmente foram causadas por humanos e quais ocorreram por choques contra rochas, o estudo apresenta um cenário possível. Depois que a mulher morreu, as pessoas de sua comunidade provavelmente desmembraram seu cadáver – uma prática fúnebre comum na época e região. Como o crânio estava separado do corpo, as forças da natureza o arrastaram para a caverna, sugerem os pesquisadores.

Arqueólogos descobriram o crânio solitário em 2015 na caverna Marcel Loubens, região de Bolonha, no norte da Itália. Porém, não encontraram nenhum outro vestígio humano lá, mesmo quando voltaram em 2017 com equipamento de escalada para recuperar a caveira.

Uma tomografia computadorizada e análise do próprio crânio revelaram que a mulher tinha entre 24 e 35 anos quando morreu, enquanto a datação por radiocarbono indicou que ela viveu entre 3.630 e 3.380 a.C., durante a Nova Idade da Pedra, ou período neolítico.