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Ciência

Descoberto na Suécia um novo tipo de coronavírus que vive em ratazanas selvagens

Por João Paulo Martins  em 06 de junho de 2022

O novo vírus foi chamado de Grimsö e é capaz de sofrer mutações, o que acende o alerta para possível capacidade de infectar humanos

Descoberto na Suécia um novo tipo de coronavírus que vive em ratazanas selvagens
As ratazanas do banco com lastro vermelho possuem um tipo de coronavírus chamado Grimsö (Foto: Wikimedia/Andreas Eichler/Creative Commons)

 

Morcegos e pangolins não são os únicos animais selvagens que abrigam o coronavírus. Roedores como ratos, camundongos e ratazanas também podem transportar o vírus que, às vezes, é capaz de saltar do animal para os humanos e causar a covid-19. Pesquisadores encontraram um novo tipo de coronavírus nas ratazanas do banco com lastro vermelho (Myodes brilhoolus), presentes na Suécia.

O estudo que traz o novo tipo de vírus, chamado Grimsö, foi publicado na revista científica Viruses na última quarta (1/6). Como mostra o site americano Science Alert, ainda não se sabe se esse coronavírus recém-descoberto é perigoso para os humanos, mas serve de lembrete para que se mantenha o monitoramento dos vírus presentes na vida selvagem, especialmente em animais que vivem próximos da gente.

“Ainda não sabemos quais ameaças potenciais o vírus Grimsö pode representar para a saúde pública. No entanto, com base em nossas observações de outros coronavírus identificados entre ratos de banco, há boas razões para continuar monitorando o vírus entre roedores selvagens”, diz o virologista Åke Lundkvist, da Universidade de Uppsala, na Suécia, um dos autores do estudo, citado pelo site americano.

As ratazanas do banco são alguns dos roedores mais comuns da Europa. Elas sempre viveram ao lado dos assentamentos humanos e são hospedeiras do vírus Puumala, que ao infectar as pessoas, pode causar uma febre hemorrágica conhecida como nefropatia epidêmica.

Como costumam procurar abrigo em edificações, especialmente em caso de chuva ou inundação, as ratazanas podem aumentar o risco de contrairmos alguma doença que elas carregam.

Entre 2015 e 2017, os cientistas examinaram 450 desses roedores selvagens que vivem a oeste de Estocolmo, num local chamado Grimsö. Ao analisarem a presença de coronavírus nos animais, a equipe encontrou um novo betacoronavírus circulando em 3,4% das ratazanas, revela o Science Alert.

Os betacoronavírus geralmente são encontrados em morcegos e roedores e, quando saltam para os humanos, são responsáveis por causar resfriado comum e problemas respiratórios, como os gerados pelo SARS-CoV-2, da covid-19.

O novo vírus da ratazana ainda não foi registrado em humanos. De qualquer forma, segundo o site americano de notícias científicas, ao longo de três anos de pesquisa, os cientistas encontraram várias cepas distintas do vírus Grimsö circulando entre as populações de ratazanas do banco com lastro vermelho.

Justamente essa capacidade de mutação do Grimsö que causa preocupação, pois indica que o vírus é facilmente adaptável a novos hospedeiros e habitats. As várias cepas encontradas em circulação podem ter se originado das próprias ratazanas ou saltado para outras espécies, informa o Science Alert.

“Dado que as ratazanas de banco são uma das espécies de roedores mais comuns na Suécia e na Europa, nossas descobertas indicam que o vírus Grimsö pode estar circulando amplamente nesses animais e apontam ainda a importância da vigilância do coronavírus em pequenos mamíferos selvagens, especialmente em roedores selvagens”, afirmam os autores no estudo recém-publicado, citados pelo site americano.