Ciência
Diretor da Nasa alerta que a China pode tentar tomar posse de território na Lua
Bill Nelson acredita que os EUA já estejam enfrentando uma corrida espacial com os chineses
Como se sabe, durante a chamada Guerra Fria, os EUA e a antiga União Soviética não travaram apenas uma luta armamentista, mas disputaram também a “conquista” do espaço. Os soviética foram os primeiros a colocar um homem em órbita (o cosmonauta Yuri Gagarin, em 1961), mas os americanos conseguiram aterrissar na Lua em 1969, como parte da missão Apollo 11. Agora, o chefe da Nasa alerta que a China pode tentar reivindicar território na Lua se vencer os EUA na criação de bases permanentes na superfície lunar.
Citado pelo jornal britânico The Independent, Bill Nelson, que assumiu o comando da agência espacial americana em 2021, acredita que os EUA estão em uma nova corrida espacial com os chineses e que as tensões geopolíticas entre os dois países podem se estender até a Lua.
“É um fato, estamos em uma corrida espacial. A verdade é que é melhor tomar cuidado para que eles [chineses] não conquistem um lugar na Lua com a desculpa de fazer pesquisa científica. Pode ser que eles digam: ‘Fique longe, estamos aqui, este é o nosso território’”, diz o diretor da Nasa, citado pelo jornal britânico.
Quem também está preocupado com a “potencial ofensiva” da China é o ex-comandante da Estação Espacial Internacional (International Space Station), Terry Virts.
Esses comentários surgem após o Departamento de Defesa dos EUA divulgar um relatório detalhando o estado atual do programa espacial da China, incluindo a capacidade de desenvolver espaçonaves que podem levar seres humanos até o “lado escuro” da Lua.
O documento de 196 páginas, publicado em novembro, também prevê as intenções do presidente Xi Jinping, bem como a possibilidade de ocorrer a segunda corrida espacial.
“O objetivo de Pequim é se tornar uma verdadeira potência espacial, totalmente capacitada. Seu programa espacial está em rápido crescimento – perdendo apenas para os Estados Unidos em número de satélites operacionais. É uma fonte de orgulho nacional e parte do ‘sonho chinês’ pretendido pelo presidente Xi Jinping, que estabelece a China como poderosa e próspera”, diz o relatório do governo americano, citado pelo The Independent.
O texto lembra ainda que os chineses estão desenvolvendo outras tecnologias sofisticadas baseadas no espaço, como inspeção e reparo de satélites. "Pelo menos algumas dessas habilidades também podem funcionar como arma”, alerta o documento do Departamento de Defesa dos EUA.
Após a divulgação do relatório, um porta-voz da embaixada da China em Washington (EUA) disse: “Alguns funcionários dos EUA tentaram, de forma irresponsável, deturpar os esforços espaciais normais e legítimos da China. A China sempre defende o uso pacífico do espaço, se opõe ao armamento e à corrida armamentista. E trabalha ativamente para construir uma comunidade com um futuro compartilhado da humanidade no domínio do espaço”.