Ciência
Empresa americana pretende ressuscitar o mamute-lanoso, extinto há 10.000 anos
Com aporte inicial de US$ 15 milhões (cerca de R$ 78 milhões), a Colossal quer trazer de volta à vida os gigantes que viviam nas áreas de tundra da Sibéria
Após criarem a empresa Colossal Biosciences, um grupo de cientistas e empresários anunciaram nesta segunda (13/9) que pretendem trazer de volta à vida o mamute-lanoso, extinto há 10.000 anos.
A informação foi divulgada pelo jornal americano The New York Times, que mostra que a empresa pretende povoar a região de tundra da Sibéria, na Rússia, com milhares desses gigantescos parentes dos elefantes.
“Esse é um marco importante para nós. Vai fazer muita diferença no mundo”, comenta o biólogo George Church, da Universidade de Harvard (EUA), citado pelo periódico, que lembra que o cientista está há oito anos desenvolvendo ferramentas para “ressuscitar” mamutes.
A Colossal recebeu um aporte inicial de US$ 15 milhões (cerca de R$ 78 milhões) que serão usados para financiar as pesquisas do laboratório de Church, bem como em instalações próprias nas cidades americanas de Boston e Dallas, revela o New York Times.
A pesquisadora Eriona Hysolli, que trabalha com o cientista de Harvard, supervisionará os esforços da nova empresa para editar o DNA de elefantes, adicionando genes para características de mamute, como a densa pelagem e a gordura mais espessa, capaz de suportar o frio siberiano.
Os cientistas da Colossal Biosciences esperam criar embriões desses elefantes geneticamente modificados para se tornarem mamutes-lanosos em alguns anos e, por fim, produzir populações inteiras desses extintos animais.
Analisando o material genético retirado de fósseis de mamutes-lanosos, Hysolli elaborou uma lista com 60 genes que são essenciais para as características desses animais, como pelagem espessa, gordura volumosa e crânio com cúpula alta.
É possível reviver os mamutes?
De acordo com o jornal americano, outros pesquisadores estão muito céticos em relação à possibilidade de ressuscitar os mamutes-lanosos. Além disso, caso a empresa consiga produzir os animais geneticamente modificados, enfrentará sérias questões éticas. Quem decide se eles podem ser soltos na natureza, tendo potencial para mudar os ecossistemas das tundras?
“Todos encontrarão muitos problemas ao longo do caminho”, afirma a paleogeneticista Beth Shapiro, da Universidade da Califórnia, citada pelo New York Times.
Segundo o jornal, George Church é conhecido por “inventar” maneiras de ler e editar DNA e isso o levou a pensar na possibilidade de reviver uma espécie extinta por meio da genética.
Como os elefantes e mamutes-lanosos compartilham um ancestral comum que viveu há cerca de seis milhões de anos, Church acredita que modificando o genoma de um paquiderme, será possível produzir algo que se pareça e aja como um mamute, diz o periódico americano.
Outro ponto importante é que a região de tundra na Sibéria, atualmente, é dominada por musgo. Mas quando os mamutes-lanosos vagavam por ela, havia pastos. Alguns pesquisadores afirmam que esses animais gigantes eram uma espécie de “engenheiros do ambiente”, mantendo as pastagens ao quebrar o musgo, derrubar árvores e fornecer fertilizante na forma de excremento.