Ciência
Estudo descobre cianobactéria que pode ajudar na colonização de Marte
Micro-organismo pode produzir nutrientes, como o oxigênio, a partir da atmosfera e do solo do Planeta Vermelho
A Nasa, em colaboração com outras agências espaciais, pretende enviar as primeiras missões tripuladas a Marte no início de 2030. Já empresas aeroespaciais como a SpaceX, do bilionário sul-africano Elon Musk, podem antecipar essa viagem.
Ainda assim, astronautas que pousarem no Planeta Vermelho precisarão de oxigênio, água, comida e outros itens essenciais à vida. O problema é que terão de produzir os consumíveis em Marte, porque importá-los da Terra seria impraticável a longo prazo.
Em estudo publicado na última terça (16/2) na revista científica Frontiers in Microbiology, cientistas mostram pela primeira vez que as cianobactérias Anabaena podem ser cultivadas apenas com gases, água e outros nutrientes em ambientes de baixa pressão.
O experimento mostra que essas bactérias podem se desenvolver no regolito (sedimentos do solo) marciano e que os nutrientes produzidos pelos micro-organismos também podem ser usados na produção de alimentos.
As cianobactérias produzem oxigênio como subproduto da fotossíntese, enquanto liberam compostos orgânicos e nutrientes a partir da quebra do dióxido de carbono e do nitrogênio, que compõem a maior parte da atmosfera de Marte – que exerce uma pressão de cerca de 1% da que temos na Terra.
Como foi o estudo
Na pesquisa recém-publicada, os cientistas optaram por construir um biorreator chamado Atmos, que usa materiais que podem ser obtidos em Marte, como água e regolito, além de manter a pressão atmosférica em cerca de 10% da nossa.
Durante o experimento, a equipe estabeleceu que as cianobactérias Anabaena cresceram “vigorosamente” tanto em câmaras de reatores que usavam meio de cultura quanto em câmaras que usavam rególito marciano.
“Nosso biorreator Atmos não é o sistema de cultivo que usaríamos em Marte: ele serve para testar, na Terra, as condições que teríamos lá. Mas nossos resultados ajudarão a orientar projetos de sistema de cultivo marciano. Queremos ir desta prova de conceito para um sistema que possa ser usado em Marte de forma eficiente”, afirma o pesquisador Cyprien Verseux, da Universidade de Bremen, um dos autores do estudo, citado pelo site ScienceAlert.