Ciência
Interior da Terra pode ter camada “misteriosa”, diz estudo
Cientistas usaram algoritmo para ajudar na identificação da camada que se suponha existir, mas que ainda não podia ser explicada
Cientistas acabam de anunciar algo que parece retirado de um romance do célebre escritor italiano Júlio Verne (Vinte Mil Léguas Submarinas e A Volta ao Mundo em Oitenta Dias): a Terra pode ter uma camada misteriosa em seu centro.
O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Nacional Australiana (The Australian National University), foi publicado nesta sexta (5/3) no periódico científico Journal of Geophysical Research: Solid Earth e confirma a existência de um “núcleo mais interno” em nosso planeta.
Segundo a pesquisadora Joanne Stephenson, principal autora do estudo, citada pelo site da universidade, essa nova camada é difícil de observar e suas propriedades únicas podem apontar para um evento dramático desconhecido na história da Terra.
“Encontramos evidências que podem indicar uma mudança na estrutura do ferro, o que sugere talvez dois eventos separados de resfriamento na história da Terra”, esclarece a cientista.
Ela afirma ainda que ainda não é possível identificar os detalhes por trás desse segundo e misterioso grande evento de resfriamento.
Mudança na evolução do planeta
Stephenson diz ao site da Universidade Nacional Australiana que investigar a estrutura do núcleo interno pode ajudar a entender mais sobre a história e evolução da Terra.
“Tradicionalmente, fomos ensinados que a Terra tem quatro camadas principais: crosta, manto, núcleo externo e núcleo interno. A ideia de outra camada distinta foi proposta há algumas décadas, mas os dados não eram muito claros”, comenta a cientista.
No estudo recém-publicado, foi usado um algoritmo de busca muito inteligente para vasculhar milhares de modelos do núcleo interno do planeta e contornar a falta de dados.
“É muito empolgante. Pode significar que teremos que reescrever os livros didáticos”, completa Joanne Stephenson ao site da instituição.
Se a nova camada for confirmada, até o famoso romance Viagem ao Centro da Terra (1864), de Júlio Verne, teria de ganhar algumas páginas extras.