Ciência
Micro-organismos descobertos dentro de cristal de sal possuem 830 milhões de anos e podem estar vivos
Cientistas americanos acreditam que as bactérias presas na halita poderiam estar vivas, mas em estágio “adormecido”
Cientistas da Universidade da Virgínia Ocidental, nos EUA, afirmam ter encontrado micro-organismos de 830 milhões de anos que estariam vivos dentro de amostra de halita (cristal de sal).
Essa descoberta foi descrita no estudo publicado em 6 de maio na revista científica Geology, da Sociedade Geológica da América. Os cientistas analisaram amostras de halita retirada da formação geológica de Browne, na região central da Austrália em 1997, segundo o jornal americano USA Today.
A equipe analisou o cristal de sal do período neoproterozoico (entre um bilhão e 541 milhões de anos) usando métodos ópticos não invasivos, como ampliação por luz ultravioleta, permitindo que a halita permanecesse intacta e eliminasse o risco de contaminação por organismos modernos.
Os cientistas foram capazes de observar o que estava dentro das inclusões fluidas de cada cristal, e encontraram bactérias e arqueas, em tons claros ou brancos. Algumas delas, revela o estudo citado pelo jornal americano, estariam “vivas” apesar de terem 830 milhões de anos.
Também forma identificadas células eucarióticas (com material genético encapsulado) que provavelmente pertenciam a algas ou fungos que viviam no ambiente salubre e apresentavam tonalidades claras de amarelo, laranja e marrom.
De acordo com a pesquisa, à medida que a halita se formou na superfície de águas salgadas, as inclusões fluidas do cristal aprisionaram o líquido, transformando-se em microambientes ou habitats para os micro-organismos que ficaram presos.
Mas para saber se esses seres ainda estão vivos e como sobreviveram por tanto tempo é muito complicado. Como mostra o USA Today, os micro-organismos encontrados na halita encolhem e reduzem bastante a atividade biológica quando a água se torna muito salgada.
A partir dessa descoberta, cientistas acreditam que é possível que sedimentos antigos, inclusive em outros planetas, possam hospedar formas antigas de vida e compostos orgânicos como os encontrados nas amostras de halita.
Segundo a pesquisadora Lidya Tarhan, da Universidade de Yale (EUA), que não participou do estudo e foi entrevistada pelo jornal americano, é incomum ter uma “vida microbiana capturada e tão bem preservada nesse intervalo de tempo, diretamente da água do mar nas gotículas que são incorporadas aos cristais de sal-gema”.
Ela explica que é difícil dizer se os micro-organismos ainda estão vivos porque qualquer sobrevivente provavelmente estaria em um estágio adormecido e não mostraria nenhum sinal óbvio de vida.
“No processo de tentar extraí-los para estudá-los com mais detalhes, usando outros métodos, haveria um alto risco de não apenas destruí-los, mas também potencialmente contaminá-los”, diz Tarhan, citada pelo USA Today.