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Ciência

Micro-organismos descobertos dentro de cristal de sal possuem 830 milhões de anos e podem estar vivos

Por Da Redação  em 18 de maio de 2022

Cientistas americanos acreditam que as bactérias presas na halita poderiam estar vivas, mas em estágio “adormecido”

Micro-organismos descobertos dentro de cristal de sal possuem 830 milhões de anos e podem estar vivos
Micro-organismo presos dentro de halitas (cristais de sal) podem estar vivos, em estado inerte (Foto: Sara I. Schreder-Gomes; Kathleen C. Benison; Jeremiah A. Bernau/ Geology/Divulgação)

 

Cientistas da Universidade da Virgínia Ocidental, nos EUA, afirmam ter encontrado micro-organismos de 830 milhões de anos que estariam vivos dentro de amostra de halita (cristal de sal).

Essa descoberta foi descrita no estudo publicado em 6 de maio na revista científica Geology, da Sociedade Geológica da América. Os cientistas analisaram amostras de halita retirada da formação geológica de Browne, na região central da Austrália em 1997, segundo o jornal americano USA Today.

A equipe analisou o cristal de sal do período neoproterozoico (entre um bilhão e 541 milhões de anos) usando métodos ópticos não invasivos, como ampliação por luz ultravioleta, permitindo que a halita permanecesse intacta e eliminasse o risco de contaminação por organismos modernos.

Os cientistas foram capazes de observar o que estava dentro das inclusões fluidas de cada cristal, e encontraram bactérias e arqueas, em tons claros ou brancos. Algumas delas, revela o estudo citado pelo jornal americano, estariam “vivas” apesar de terem 830 milhões de anos.

Também forma identificadas células eucarióticas (com material genético encapsulado) que provavelmente pertenciam a algas ou fungos que viviam no ambiente salubre e apresentavam tonalidades claras de amarelo, laranja e marrom.

De acordo com a pesquisa, à medida que a halita se formou na superfície de águas salgadas, as inclusões fluidas do cristal aprisionaram o líquido, transformando-se em microambientes ou habitats para os micro-organismos que ficaram presos.

Mas para saber se esses seres ainda estão vivos e como sobreviveram por tanto tempo é muito complicado. Como mostra o USA Today, os micro-organismos encontrados na halita encolhem e reduzem bastante a atividade biológica quando a água se torna muito salgada.

A partir dessa descoberta, cientistas acreditam que é possível que sedimentos antigos, inclusive em outros planetas, possam hospedar formas antigas de vida e compostos orgânicos como os encontrados nas amostras de halita.

Segundo a pesquisadora Lidya Tarhan, da Universidade de Yale (EUA), que não participou do estudo e foi entrevistada pelo jornal americano, é incomum ter uma “vida microbiana capturada e tão bem preservada nesse intervalo de tempo, diretamente da água do mar nas gotículas que são incorporadas aos cristais de sal-gema”.

Ela explica que é difícil dizer se os micro-organismos ainda estão vivos porque qualquer sobrevivente provavelmente estaria em um estágio adormecido e não mostraria nenhum sinal óbvio de vida.

“No processo de tentar extraí-los para estudá-los com mais detalhes, usando outros métodos, haveria um alto risco de não apenas destruí-los, mas também potencialmente contaminá-los”, diz Tarhan, citada pelo USA Today.