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Ciência

Mosquitos modificados reduzem em 77% os casos de dengue numa região da Indonésia

Por João Paulo Martins  em 15 de junho de 2021

Cientistas infectaram o Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, deixando-os incapazes de espalhar os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela

Mosquitos modificados reduzem em 77% os casos de dengue numa região da Indonésia
(Foto: Pixabay)

Um estudo feito na região de Yogyakarta, na Indonésia, conseguiu reduzir drasticamente os casos de dengue após soltarem na natureza mosquitos Aedes aegypti infectados com bactérias, que impedem a transmissão do patógeno causador da doença.

A pesquisa, publicada na última sexta (11/6) no periódico científico New England Journal of Medicine, foi realizada durante três anos e mostra que os mosquitos modificados reduziram os casos de dengue em 77% nas áreas onde foram introduzidos.

Os cientistas inseriram a bactéria chamada Wolbachia nos Aedes. Ela não apenas interfere na capacidade do vírus causador da doença de viver no corpo dos insetos, mas também controla a reprodução do mosquito, que passa a gerar descendentes infectados. O resultado é uma população crescente de insetos que não transmitem os micro-organismos responsáveis por doenças tropicais como dengue, febre amarela, zika e chikungunya.

O estudo envolveu mais de 8.000 voluntários, sendo que metade deles vivia em áreas onde os Aedes aegypti modificados foram liberados e se reproduziram.

Resultados da pesquisa

Como mostra a pesquisa recém-divulgada, a dengue foi diagnosticada em 9,4% dos participantes que vivem em áreas com mosquitos não modificados e 2,3% nos que estão nas áreas com os insetos infectados pela Wolbachia.

Portanto, a eficácia do método usado na Indonésia chegou a 77,1%.

“Houve muito poucos ensaios clínicos randomizados de intervenções contra o mosquito da dengue. Os resultados dos testes de Yogyakarta mostram conclusivamente que a Wolbachia atua na redução da incidência e das hospitalizações por dengue”, afirma Katie Anders, da ONG internacional World Mosquito Program (Programa Mundial do Mosquito), que ajudou a patrocinar o estudo, citada pela emissora americana CNN.

Vale dizer que esse tipo de experimento com mosquitos modificados também foi realizado em outras pares do mundo, como na Flórida (EUA), na Austrália e mesmo em Belo Horizonte (MG).

Segundo a emissora, a Indonésia registra uma média superior a 7 milhões de casos de dengue todos os anos. No Brasil, o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde revela que em 2020 foram contabilizados 987.173 casos prováveis da doença transmitida pelo Aedes aegypti.