Ciência
Objeto inédito da Via Láctea que pulsa a cada 18,18 minutos não é extraterrestre
Cientistas acreditam que a estranha fonte de radiofrequência pode ser um magnetar ou uma estrela anã branca
Pesquisadores descobriram um estranho objeto giratório pulsando na Via Láctea. Diferente de tudo que os astrônomos já observaram, a descoberta foi descrita no estudo publicado na última quarta (26) na revista científica Nature.
Segundo o site americano de notícias científicas Phys.org, o objeto, observado pela primeira vez por um estudante universitário trabalhando em sua tese de graduação, libera um enorme pulso de radiofrequência três vezes a cada hora.
O pulso surge “a cada 18,18 minutos, como um relógio”, comenta a astrofísica Natasha Hurley-Walker, da Universidade Curtin, da Austrália, que liderou o estudo, citada pelo site.
A investigação usou o telescópio Murchison Widefield Array, localizado na Austrália Ocidental, e que trabalha com sinais de rádio de baixa frequência.
Embora existam outros objetos no Universo que “ligam e desligam” a emissão de radiofrequência, como os pulsares, os cientistas firmam que o intervalo de 18,18 minutos é algo nunca observado.
Encontrar esse objeto foi “meio assustador para um astrônomo”, diz Hurley-Walker, “porque não há nada conhecido no céu que faça isso”.
De acordo com o Phys.org, a equipe, agora, está trabalhando para entender a natureza dessa descoberta. Após as primeiras análises, conseguiram estabelecer alguns fatos: o objeto está a cerca de 4.000 anos-luz da Terra, é incrivelmente brilhante e tem um campo magnético extremamente forte.
“Se você fizer toda a matemática, descobrirá que ele não deveria ter energia suficiente para produzir esse tipo de onda de rádio a cada cerca de 20 minutos. Isso simplesmente não deveria ser possível”, comenta Natasha Hurley-Walker, citada pelo site especializado.
O objeto pode ser algo que só existia em teoria, mas que nunca havia sido observado, o chamado “magnetar de período ultralongo”. Também pode ser uma estrela anã branca, remanescente de outra que entrou em colapso.
“Mas isso também é bastante incomum. Nós só conhecemos um pulsar de anã branca, e nada tão grande quanto esse. Claro, pode ser algo em que nunca pensamos, algum tipo inteiramente novo de objeto”, diz a cientista.
Apesar de parecer que essa fonte de radiofrequência poderia ser de origem extraterrestre, a equipe de pesquisadores observou o sinal em uma ampla gama de frequências.
“Isso significa que deve ser um processo natural e não um sinal artificial”, afirma Hurley-Walker, segundo o Phys.org.