Ciência
Objeto que dizimou os dinossauros veio de fora do cinturão de asteroides
Cientistas descobriram que a grande rocha espacial era escura e primitiva e escapou da borda externa do cinturão que fica entre Marte e Júpiter
Há cerca de 66 milhões de anos um asteroide com aproximadamente 9,6 km de largura se chocou contra a Terra, desencadeando uma série de cataclismos que resultou na morte dos dinossauros. Agora, cientistas descobriram que a primitiva rocha espacial gigante e escura veio de fora do principal cinturão de asteroides do Sistema Solar, situado entre Marte e Júpiter.
Essa região é o lar de muitos objetos do tipo escuro, com composição química que os faz refletir pouquíssima luz em comparação com outros asteroides.
“Suspeitei que a metade externa do cinturão de asteroides, onde estão os do tipo primitivo escuro, poderia ser uma fonte importante dos impactos terrestres. Mas não esperava que os resultados fossem tão assertivos”, afirma o pesquisador David Nesvorný, do Instituto de Pesquisa Southwest, no Colorado (EUA), líder do estudo que será publicado na edição de novembro da revista científica Icarus, em entrevista ao site americano Live Science.
Ainda segundo o cientista, essa descoberta só não deve valer para os objetos menores que caem na Terra.
Como se deu a descoberta
Pistas sobre o asteroide que encerrou o reinado dos dinossauros já haviam sido encontradas na cratera Chicxulub, com diâmetro de 145 km na península de Yucatán, no México. A análise geoquímica da cratera sugeriu que o objeto fazia parte dos condritos carbonáceos, um grupo primitivo de meteoritos com quantidade relativamente alta de carbono e que provavelmente foram criados nas fases iniciais do Sistema Solar, revela o site especializado em notícias científicas.
No novo estudo, os pesquisadores desenvolveram um modelo computacional para ver com que frequência os asteroides do cinturão principal escapam em direção à Terra e se esses fugitivos poderiam ser responsáveis pela extinção dos dinossauros.
A simulação de centenas de milhões de anos mostrou forças térmicas e puxões gravitacionais de planetas lançando periodicamente grandes asteroides para fora do cinturão, conforme a pesquisa. Em média, um asteroide com mais de 9,6 km de largura foi lançado da borda externa do cinturão em direção ao nosso planeta uma vez a cada 250 milhões de anos.
Esse cálculo mostra que eventos como esse seriam cinco vezes mais comuns do que se imaginava anteriormente e corrobora com a formação da cratera de impacto Chicxulub, que é a única conhecida que os cientistas acreditam ter sido produzida por um grande asteroide nos últimos 250 milhões de anos.
Além disso, de acordo com o Live Science, o modelo computacional analisou a distribuição no cinturão de asteroides de objetos “claros” e “escuros” com possibilidade de impactar na Terra e descobriu que metade das rochas espaciais expulsas eram condritos carbonáceos escuros, justamente o que se acredita ter causado a cratera em Yucatán.
“Nós descobrimos no estudo que cerca de 60% dos grandes impactadores terrestres vêm da metade externa do cinturão de asteroides. E a maioria dos asteroides nessa zona são escuros/primitivos. Portanto, há 60% de probabilidade de que o próximo venha da mesma região”, explica David Nesvorný ao site americano.