Ciência
Observatório do Chile encontra a galáxia espiral mais antiga já descoberta
Chamada de BRI 1335-0417, a galáxia possui nada menos que 12,4 bilhões de anos e surgiu quando nosso universo era muito jovem
A luz da galáxia BRI 1335-0417 demorou 12,4 bilhões de anos para chegar à Terra. Ela surgiu quando nosso universo ainda era extremamente jovem. Além disso, sua estrutura espiral adiciona mais complexidade à teoria do surgimento das galáxias espirais como a Via Láctea.
A descoberta dessa galáxia, publicada na revista científica Science no dia 20 de maio, consiste na estrutura espiral mais antiga já observada. Estima-se que 72% de todas as galáxias sejam espirais, mas esse número fica menor quanto mais para trás observamos o universo.
Cientistas acreditam que as galáxias começaram de maneira confusa e, com o tempo, acabaram adquirindo o formato mais comum, de espiral.
A descoberta da BRI 1335-0417 foi possível graças ao rádio-observatório Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), localizado no deserto do Atacama, no Chile. Graças ao equipamento, astrônomos podem compreender melhor como eram as primeiras galáxias do universo.
“Eu estava animado porque nunca tinha visto na literatura científica evidências tão claras de uma estrutura em espiral com massa centralizada numa galáxia distante. A qualidade dos dados do ALMA é tão boa que consegui ver detalhes que pareciam de uma galáxia próxima”, comenta o pesquisador Takafumi Tsukui, da Universidade Sokendai, do Japão, principal autor do estudo, citado pelo site de notícias de ciências IFL Science.
Tamanho similar à da nossa galáxia
Há também outro fato intrigante sobre a BRI 1335-0417: ela é muito grande. A equipe estima que a galáxia tenha aproximadamente a massa da Via Láctea. Ela vem acumulando gás e outras galáxias menores há quase 13 bilhões de anos.
“Como BRI 1335-0417 é um objeto muito distante, podemos não ser capazes de ver a verdadeira borda da galáxia nessa observação. Para uma galáxia que existia no início do universo, ela é considerada gigante”, diz Tsukui, segundo o site especializado.
Estruturas como essa podem ser as progenitoras das galáxias elípticas gigantes que observamos no centro dos aglomerados de galáxias. Uma grande colisão poderia mudar drasticamente a forma espiral da BRI 1335-0417, ou a galáxia poderia permanecer em espiral por muito tempo, não se sabe o que o futuro reserva para ela.
O que podemos aprender, porém, é algo sobre a Via Láctea – até mesmo sobre nosso próprio sistema solar.
“Nosso Sistema Solar está localizado num dos braços espirais da Via Láctea. Traçar as raízes da estrutura espiral nos fornecerá pistas sobre o ambiente em que o Sistema Solar nasceu. Espero que nossa pesquisa ajude ainda nosso entendimento da história da formação das galáxias”, afirma o pesquisador Takafumi Tsukui, também da Universidade Sokendai, co-autor do estudo, citado pelo IFL Science.