Ciência
Região da Antártica perdeu 315 bilhões de toneladas de gelo em 25 anos
O derretimento preocupante na área conhecida como Getz equivale a quase 126 milhões de piscinas olímpicas
O aquecimento global, ao alterar o clima em todo o mundo, está acelerando o derretimento de geleiras na Antártica.
Um estudo publicado na última terça (23/2) na revista científica Nature Communications avaliou as correntes de gelo que fluem para o oceano ao longo de um trecho de 1.000 km da região costeira chamada Getz – possui 14 geleiras e todas estão com o derretimento acelerado.
Os cientistas acompanham a evolução da camada de gelo em Getz desde 1994 e os cálculos apontam a perda de 315 bilhões de toneladas de gelo – o equivalente a 126 milhões de piscinas olímpicas.
Levando em conta a contribuição do continente antártico para o aumento do nível dos oceanos no mundo, desde 1994, Getz é responsável por cerca de 10% do total (pouco menos de um milímetro).
“Esta é a primeira vez que alguém faz um estudo realmente detalhado dessa área da Antártica Ocidental. É inacessível para se fazer trabalho de campo, porque é muito montanhosa. A maior parte dela nunca foi pisada por humanos”, comenta a glaciologista Heather Selley, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, citada pela emissora estatal britânica BBC.
“Mas é importante que entendamos o que está acontecendo lá e reconhecer o motivo para que suas geleiras estejam derretendo em níveis acelerados”, completa a cientista.
Dados de satélite
Selley e seus colegas examinaram 25 anos de dados de satélite sobre a velocidade e a espessura do gelo em Getz. Além disso, eles levaram em conta as propriedades do oceano da costa dessa região da Antártica e usaram um modelo que contextualizou o clima local durante o período de análise.
Os resultados apontam que, em média, a velocidade de derretimento de todas as 14 geleiras da região aumentou quase 25% entre 1994 e 2018, com a velocidade de três geleiras centrais aumentando em mais de 40%.
E ainda, uma corrente de gelo em particular estava sendo carregada para o mar 391 metros por ano mais rápida em 2018 do que em 1994 – um aumento de 59% em apenas duas décadas e meia.
Como mostra o artigo recém-publicado, a causa mais provável para esse fenômeno em Getz é o que os pesquisadores chamam de “empurrão do oceano”. As águas profundas relativamente quentes estão penetrando nas frentes flutuantes das geleiras e derretendo-as por baixo.