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Ciência

Simulação da Nasa revela que erupção vulcânica pode acabar com a camada de ozônio da Terra

Por João Paulo Martins  em 03 de maio de 2022

Em vez de resfriar o planeta, como se imaginava, a explosão de um poderoso vulcão pode causar o superaquecimento da Terra

Simulação da Nasa revela que erupção vulcânica pode acabar com a camada de ozônio da Terra
(Foto: Pixabay)

 

Quando o vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai, perto do remoto arquipélago de Tonga, no oceano Pacífico, explodiu em dezembro do ano passado, ondas de choque foram sentidas em todo o mundo e cinzas danificaram várias áreas do entorno. Agora, uma simulação climática feita pela Nasa revela como os vulcões podem ser prejudiciais para o clima da Terra.

Erupções extremas podem destruir a camada de ozônio, escudo que nos protege dos mortais raios ultravioletas do Sol, e aquecer significativamente o clima do nosso planeta. Esses fenômenos naturais podem ter sido a razão por trás das condições que levaram Vênus e Marte a se tornarem “estéreis” como conhecemos hoje.

As descobertas resultantes da simulação climática contradizem estudos anteriores que indicavam que as erupções vulcânicas poderiam resfriar a Terra, informa o jornal indiano India Today.

A chamada erupção basal de inundação, considerada extrema, ocorre quando uma série de episódios eruptivos, que duram até séculos, surgem a cada centenas de milhares de anos, às vezes até mais. A Nasa diz que alguns aconteceram provavelmente na mesma época dos eventos de extinção em massa, e muitos estão associados a períodos extremamente quentes na história do nosso planeta.

“Eles também parecem ter sido comuns em outros mundos terrestres em nosso Sistema Solar, como Marte e Vênus”, diz a agência espacial americana, citada pelo jornal indiano.

Os pesquisadores usaram dados do projeto Modelo Químico-Climático do Centro de Voo Espacial Goddard, da Nasa, para simular uma fase de quatro anos de erupção que gerou o afloramento basáltico Columbia River Basalt, entre 15 milhões e 17 milhões de anos atrás, no noroeste dos Estados Unidos.

“Esperávamos um resfriamento intenso em nossas simulações. No entanto, descobrimos que um breve período de resfriamento foi superado por um efeito de aquecimento”, comenta o pesquisador Scott Guzewich, do Centro de Voo Espacial Goddard, citado pelo India Today.

As descobertas foram publicadas em fevereiro na revista científica Geophysical Research Letters.

 

Destruição da camada de ozônio

 

A simulação da Nasa também revelou que as erupções são capazes de destruir a camada de ozônio que protege a Terra. Ela atua como um cobertor sobre o planeta, protegendo dos perigosos raios ultravioleta emitidos pelo Sol.

Na pesquisa, foi detectada uma redução de cerca de dois terços do ozônio em relação aos valores médios globais, como se fosse um gigantesco buraco sobre a Antártida. Isso ocorreria porque aA erupção vulcânica libera uma enorme quantidade de dióxido de enxofre na atmosfera, em forma de aerossóis. Essas partículas microscópicas refletem a luz solar visível, gerando um resfriamento inicial, mas, ao mesmo tempo, absorvendo radiação infravermelha, que aquece a atmosfera.

De acordo com os cientistas, citados pelo periódico indiano, o aquecimento levaria ao aumento de quase 10.000% de vapor de água na atmosfera, que destruiria a camada de ozônio. “Os basaltos de inundação também liberam dióxido de carbono, um gás de efeito estufa, mas não parecem emitir o suficiente para causar o aquecimento extremo associado a algumas erupções. O excesso de aquecimento do vapor de água estratosférico pode fornecer uma explicação”, informa a Nasa na simulação.

Esse cenário parece explicar o destino que Vênus e Marte tiveram. Eles possuíam oceanos como os da Terra, no passado distante, mas atualmente são planetas “estéreis”.

Cientistas estão investigando como esses mundos perderam a maior parte da água e se tornaram inóspitos para a vida. Pode ter sido uma onda de vapor na atmosfera superior, como se viu na simulação da Nasa, devido a um poderoso vulcanismo de inundação.