Ciência
Vida alienígena? Robô Curiosity, da Nasa, encontra carbono incomum em Marte
Cientistas descobriram um tipo de carbono que não deveria existir no Planeta Vermelho, a não ser em três condições bizarras, incluindo a existência de vida antiga
Cientistas detectam um tipo incomum de carbono em Marte, que pode estar relacionado com a história do Planeta Vermelho e, possivelmente, com sinais de vida antiga.
A pesquisa que traz essa descoberta, intitulada “Depleted Carbon Isotope Compositions Observed at Gale Crater, Mars” (Composições de Isótopos Decaídos de Carbono Observados na Cratera Gale, Marte”), foi submetida à revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
Segundo o jornal britânico The Independent, os pesquisadores afirmam que existem três explicações possíveis para o material encontrado em Marte pelo robô espacial Curiosity, da Nasa, e que cada uma delas “não é convencional”. Uma explicação pode incluir a existência de vida microbiana alienígena, embora isso seja visto com cautela.
Outra possibilidade é que o carbono veio da poeira cósmica, da degradação do dióxido de carbono por ultravioleta, ou do mesmo processo que produz naturalmente o gás metano.
Mas qualquer que seja a explicação, esses processos são diferentes de tudo o que geralmente acontece na Terra, dizem os cientistas.
O Curiosity, que explora Marte desde 2012, retirou amostras de solo de seis diferentes locais na cratera Gale, incluindo num penhasco.
Isótopos do carbono
Como explica o The Independent, o carbono tem dois isótopos estáveis (12 e 13) e os cientistas procuraram descobrir a quantidade relativa de cada um nas amostras marcianas. Ao fazer isso, podem entender mais sobre o ciclo do carbono no Planeta Vermelho.
Até agora, eles descobriram que as amostras estavam “extremamente decaídas”, ou carentes de carbono 13. Isso requer uma explicação e levou os pesquisadores às três possibilidades, que, ainda assim, seriam muito incomuns na Terra e poderiam mudar nossa compreensão do passado de Marte.
“Todas as três possibilidades apontam para um ciclo de carbono incomum, diferente de tudo na Terra hoje. Mas precisamos de mais dados para descobrir qual delas é a explicação correta. Seria bom se o rover [robô Curiosity] detectasse um grande fluxo de metano e medisse os isótopos de carbono a partir dele, mas a maioria dos fluxos é pequena, e nenhum robô conseguiu uma amostra grande o suficiente para que os isótopos fossem medidos”, explica o pesquisador Christopher House, da Universidade Penn State (EUA), um dos autores do estudo, citado pelo jornal britânico.
A explicação da nuvem de poeira cósmica é baseada no fato de que o Sistema Solar passa por uma região “empoeirada” da Via Láctea a cada 200 milhões de anos. O problema é que não costuma sobrar partícula suficiente para ser detectada. Para que o Curiosity pudesse identificar a poeira, ela teria que se prender a uma geleira em Marte e, quando o gelo derretesse, deixasse a sujeira com o carbono para trás.
Mas há poucas evidências de que, no passado, a cratera Gale possuía geleiras, informa o The Independent.
Outra explicação é que o dióxido de carbono (CO²) está sendo convertido em compostos orgânicos, como formaldeído, pela radiação ultravioleta. Tal possibilidade foi prevista antes, lembra o periódico britânico, mas não foi comprovada o suficiente para a explicação ser aceita definitivamente.
A terceira explicação possível é a mais biológica, incluindo a possibilidade de vida alienígena. Marte pode ter tido fluxos de gás metano – talvez produzidos por micróbios, o que seria a explicação óbvia na Terra –, o que teria deixado para trás a assinatura de carbono.