Ciência
Vírus perigosos podem “pegar carona” em microplásticos, alertam cientistas
Estudo revela que alguns micro-organismos podem viver cerca de três dias quando estão ligados a essas minúsculas partículas poluidoras
Alguns tipos de vírus perigosos podem sobreviver por até três dias em água doce “pegando carona” nos plásticos fruto da poluição humana, afirmam pesquisadores em estudo que sai na edição de setembro da revista científica Environmental Pollution.
Micro-organismos que causam diarreia e problemas estomacais, como o rotavírus, sobrevivem na água usando microplásticos, partículas minúsculas com menos de cinco milímetros. Além de serem capazes de se mover pelo ambiente, os vírus se mantêm infecciosos, descobriram os pesquisadores, informa o jornal britânico The Guardian.
“Descobrimos que os vírus podem se prender a microplásticos e isso permite que eles sobrevivam na água por três dias, possivelmente mais”, comenta o pesquisador Richard Quilliam, da Universidade de Stirling, no Reino Unido, um dos autores do estudo, citado pelo periódico.
Embora pesquisas anteriores tenham identificado essa possibilidade, elas analisaram ambientes estéreis. Agora, é a primeira vez que a associação entre os vírus e os microplásticos é feita na natureza. Ainda assim, foram usados métodos laboratoriais para determinar se os micro-organismos encontrados em plásticos presentes na água doce eram infecciosos.
“Não tínhamos certeza de quão bem os vírus poderiam sobreviver ‘pegando carona’ no plástico no ambiente, mas eles sobrevivem e permanecem infecciosos. Ser infeccioso no ambiente por três dias, é tempo suficiente para ir das centrais de tratamento da água à praia pública”, afirma Quiliam ao The Guardian.
Um dos problemas que enfrentamos é justamente a incapacidade das estações de tratamento de águas lidarem com microplásticos, alerta o pesquisador. “Mesmo que uma estação de tratamento de água esteja fazendo todo o possível para limpar os resíduos de esgoto, a água descarregada ainda contém microplásticos, que são transportados rio abaixo, no estuário e acabam no mar”, diz Richard Quiliam.
Essas partículas de plástico são tão minúsculas que podem ser engolidas por quem entra na água, o que e um convite à infecção viral. Embora o impacto dos microplásticos na saúde humana permaneça incerto, se essas partículas forem colonizadas por patógenos humanos, podem representar um risco significativo para a saúde, sugere o cientista britânico.
No estudo atual foram analisados dois tipos de vírus, um que possui membrana protetora, como uma camada de gordura, como o Influenza, causador da gripe, e os que não possuem essa proteção, como rotavírus e norovírus. Como mostra o The Guardian, os que possuem revestimento, perderam a proteção rapidamente e acabaram morrendo. Mas os que não tinham membrana se ligaram com sucesso aos microplásticos e sobreviveram.