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Ciência

YouTube recomenda muitos vídeos que desagradam ao público, denuncia a Mozilla

Por João Paulo Martins  em 08 de julho de 2021

Fundação responsável pelo navegador Firefox fez um estudo sobre o algoritmo da plataforma de vídeos do YouTube e descobriu que ele contraria a própria política da empresa

YouTube recomenda muitos vídeos que desagradam ao público, denuncia a Mozilla
Segundo a Fundação Mozilla, 40% dos vídeos recomendados pelo YouTube em países que não falam inglês são “inadequados” (Foto: Youtube.com.br/Reprodução)

Um estudo feito pela Fundação Mozilla, responsável pelo popular navegador de internet Firefox, descobriu que o algoritmo de recomendação de vídeo do YouTube está promovendo conteúdos que violam as próprias políticas da plataforma do Google.

“O YouTube deve admitir que seu algoritmo é projetado de forma a prejudicar e desinformar as pessoas”, afirma Brandi Gerkink, responsável pelo setor de segurança da Mozilla, citado pelo site argentino Infobae.

Em documento divulgado no blog da Fundação Mozilla, os pesquisadores revelam que as recomendações de vídeos do YouTube foram analisadas por 10 meses com a ajuda de milhares de voluntários que usaram uma extensão no Firefox chamada RegretsReporter para determinar os conteúdos que não deveriam ter sido recomendados.

Dos vídeos rejeitados pelos voluntários, a pesquisa da Mozilla descobriu que 71% estavam sendo divulgados ativamente no YouTube pelo algoritmo de recomendação de conteúdo.

O texto da fundação revela ainda que os vídeos recomendados possuem 40% mais probabilidade de conterem conteúdo “questionável” do que os resultados de pesquisas feitas na própria plataforma.

Além disso, esses vídeos “questionáveis” recomendados recebem 70% mais visualizações por dia e, em 43,6% dos casos, seu conteúdo não estava relacionado ao vídeo anterior que o usuário estava assistindo.

Curiosamente, a Mozilla afirma que esse fenômeno parece afetar mais intensamente os usuários que não falam inglês, uma vez que nesses países a taxa de vídeos com conteúdo “questionável” se mostrou 60% maior do que nas regiões de língua inglesa.

Nos países cujo idioma oficial não é inglês, o algoritmo deu maior destaque para o conteúdo relacionado à pandemia da covid-19, chegando a 36% dos vídeos classificados como nocivos pelos voluntários que ajudaram a Fundação Mozilla, em comparação com 14% nos países de língua inglesa.

O artigo mostra que cerca de 200 dos vídeos que o algoritmo do YouTube recomendou aos participantes da pesquisa foram removidos da plataforma do Google. Eles tiveram 160 milhões de visualizações e, em muitos casos, o YouTube relatou que eles violaram seus padrões.