Cidade da Argentina cria setor de apoio à masculinidade, para homens vítimas de violência doméstica

Enquanto se discute a igualdade de gênero e o fim da violência doméstica contra as mulheres no Brasil, uma notícia bizarra vem da Argentina: o município de Concórdia, na província de Entre Ríos, abriu um escritório de “masculinidade”, mas para lidar com casos de violência contra os homens.

Segundo a responsável pelo novo espaço, Marina Segovia, citada pelo jornal argentino El Sol, a área foi criada “para poder ajudar o homem que sofre violência doméstica e não se atreve a apresentar queixa”. “Em várias situações eles vinham nos consultar, já que temos a área de violência de gênero, e foi aí que surgiu essa preocupação, de que os homens não tinham um lugar específico para buscar ajuda. Temos um advogado para assessorá-los, uma assistente social, e trabalhamos com reforço no caso que for necessário”, comenta Segovia.

O inusitado serviço da cidade argentina de Concórdia se destina àqueles que ficam com vergonha de ir à polícia, ou as autoridades não aceitam a denúncia. “Em suma, é ajudar o homem mais fraco, por assim dizer; o eixo é ajudar quem mais precisa, neste caso, o homem”, afirma a responsável pelo espaço, citada pelo jornal.

Questionada sobre o fato de a área ser rotulada como de “masculinidade”, Marina Segovia diz que “é sobretudo uma forma de estabelecer a quem se destina, mas não estamos falando ou direcionando essa área específica para o homem violento, mas para aqueles que sofrem violência doméstica”.

Fake news?

Segundo o diretor de políticas para crianças, adolescentes e famílias do município de Concórdia, Miguel Gallo, não se criou nenhuma nova área ou novo cargo. “É importante esclarecer isso para não gerar mal-entendidos. Não significa a criação de nenhuma área específica”, explica à agência argentina de notícias APFD, de Entre Ríos.

Ele revela que o objetivo do serviço de atenção aos homens é abordar também o problema da violência integral e educar para uma convivência saudável. “Há problemas que requerem uma intervenção específica. A equipe que está trabalhando com violência de gênero no departamento de gestão e promoção da prevenção, composta por especialistas de diferentes áreas”, afirma Gallo à agência.

Ainda conforme o diretor, é importante realizar programas que ajudem a “construir uma nova masculinidade, não machista”. “Ações para uma nova masculinidade, que nos permita continuar construindo uma sociedade cada vez mais respeitosa e igualitária, sem violência”, diz Miguel Gallo à APFD.