Cultura
Conheça os efeitos benéficos do incenso, da mirra e do ouro dados pelos reis magos a Jesus
A Bíblia cristã traz Melchior, Gaspar e Baltazar presenteando o menino Jesus com três produtos típicos do oriente que, hoje, se sabe possuírem propriedades medicinais
No dia 6 de janeiro é celebrado o Dia de Reis. A data marca a passagem bíblica que traz a história dos três reis magos que visitaram o bebê Jesus Cristo e levaram como presentes ouro, olíbano (Boswellia, também chamada incenso aromático ou franquincenso) e mirra (Commiphora myrrha).
Melchior, rei da Pérsia, levou ouro ao menino Jesus; Gaspar, rei da Índia, trouxe incenso; e Baltazar, rei da Arábia, presenteou Cristo com mirra.
Apesar de parecerem oferendas estranhas para se dar a um recém-nascido, a ciência mostra que consideram esses produtos podem ajudar a saúde, inclusive no tratamento da artrite, da asma e, de forma inesperada, até na luta contra o câncer.
O incenso aromático e a mirra estão sendo estudados pelo pesquisador Ahmed Ali, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, por suas supostas propriedades curativas, informa a emissora estatal britânica BBC.
Essas duas resinas extraídas de plantas, quando solidificadas, parecem pedras. O incenso possui tom dourado e a mirra, marrom-avermelhado.
Ali tenta desenvolver medicamentos usando o olíbano típico da Somália, seu país de origem, segundo a emissora. A intenção é tratar uma série de problemas, de câncer a rugas.
Ele descobriu que o incenso aromático possui um perfil químico diferenciado e pode ser usado em uma variedade de tratamentos.
“Descobrimos que uma variedade de olíbano da Somália pode ser usada para mitigar a metástase de células cancerosas in vitro. Ou seja, pode impedir a disseminação do câncer”, comenta o pesquisador à BBC.
Mirra
A mirra também está sendo estudada por seus supostos efeitos anticâncer, especificamente um tipo conhecido como mirra perfumada.
O pesquisador Richard Clarkson, que trabalhou com Ahmed Ali na Universidade de Cardiff, diz à emissora britânica que as descobertas podem significar ser um avanço na pesquisa do câncer.
“De um modo geral, a identificação de novos medicamentos e novos agentes que possam impedir a propagação do tumor pelo corpo é muito procurada, mas difícil de implementar em nível clínico”, comenta o cientista.
O olíbano da Somália, de acordo com os testes laboratoriais feitos por Ali, mostram que pode ser usado para interromper a inflamação ou o inchaço.
“Pode ser usado para tratar a artrite. Também parece ser particularmente eficaz na redução dos sintomas da colite ulcerosa, uma condição inflamatória intestinal”, conta o cientista à BBC.
O olíbano também pode ajudar a prevenir doenças nas gengivas, acrescenta.
Muitas dessas pesquisas ainda são recentes e, por enquanto, limitam-se a testes de laboratório.
Três elementos importantes
A pesquisadora Rachael Gillibrand, da Universidade de Aberystwyth, no Reino Unido, conta à emissora britânica que se surpreendeu com alguns usos antigos do ouro, incenso aromático e mirra.
“O olíbano não era usado apenas pelo aroma. Parece que era usado para várias doenças diferentes. A mirra é um pouco mais interessante: nunca é usada sozinha, sempre combinada com outras coisas. É misturada com outras ervas como um xarope e é prescrita para a asma”, afirma a cientista.
Ele acrescenta que a mirra também era misturada com bagas de zimbro e rum como tratamento para parasitas na época da rainha Vitória (1837–1901), da Inglaterra.
O ouro é um pouco diferente, mas, do ponto de vista médico, também tem seus benefícios.
Segundo Rachael Gillibrand, o pai da medicina moderna, Hipócrates, prescrevia ouro para problemas bucais e, séculos depois, o metal precioso ainda é usado nessa área em algumas partes do mundo.
“Durante uma escavação na Grécia, eles descobriram o crânio de um soldado grego, que havia sido ferido em batalha, e fios de ouro foram usados para amarrar sua mandíbula. Isso prova que essas não eram apenas coisas escritas, mas realmente praticadas”, comenta a pesquisadora à BBC.
O metal precioso também desempenhou seu papel no tratamento do câncer. Por ser inerte, o ouro não reage muito e seus isótopos são usados nos tumores antes da radioterapia, para tornar o tratamento mais eficaz.