Cultura
Doodle do Google homenageia os 90 anos do cartunista argentino Quino
A logomarca comemorativa do Google está lembrando o aniversário de Joaquín Tejón, pai da personagem Mafalda
O Doodle (logomarca comemorativa) do Google deste domingo (17/7) está celebrando os 90 anos de nascimento de Joaquín Salvador Lavado Tejón, mais conhecido como Quino, cartunista argentino que criou a icônica personagem Mafalda. Ela foi a voz da América Latina em tempos de instabilidade política e censura. O cartunista argentino foi retratado no Doodle pelo artista convidado Azul Portillo, de Buenos Aires, na Argentina.
Quino nasceu em Mendoza, na Argentina, em 1932. Filho de imigrantes espanhóis pró-democracia, ele cresceu tentando entender o governo e as instituições instáveis de seu país. Sua ambição artística foi incentivada pelo tio Joaquin, pintor e designer gráfico. Quino recebeu esse apelido como forma de ajudar a distingui-lo do tio, que compartilhava o mesmo nome.
Aos 12 anos, Quino se matriculou na escola de arte, mas desistiu três anos depois, quando o pai faleceu. Mudou-se para Buenos Aires, onde sonhava ser cartunista. Após cumprir o serviço militar obrigatório, ele publicou a primeira caricatura em 1954. Passou a década seguinte aprimorando o ofício e lançou uma compilação de caricaturas chamada Mundo Quino.
Graças ao sucesso dessa coletânea, foi contratado para criar uma história em quadrinhos como parte de uma campanha publicitária para uma marca de eletrodomésticos. Ao desenvolver a campanha, Quino criou Mafalda, uma curiosa menina argentina de seis anos com talento para perceber as injustiças do mundo e confundir seus pais. A campanha foi cancelada, mas Quino manteve os desenhos.
Em 1964, Mafalda estreou na revista Buenos Aires Weekly e rapidamente ganhou popularidade nos países de língua espanhola ao redor do mundo. O desenho usou personagens infantis para fornecer comentários irônicos e mordazes sobre autoritarismo, censura e desigualdade. Mafalda capturou a mudança do cenário político da América Latina até 1974, quando o governo militar da Argentina começou a atacar e deter opositores do estado. Devido à situação política volátil, Quino encerrou a história em quadrinhos e se exilou em Milão, na Itália.
Até sua aposentadoria, em 2006, Quino criou desenhos animados enquanto dividia seu tempo entre Madri e Buenos Aires. Embora ele não tenha ressuscitado Mafalda, seu trabalho posterior seguiu um tom semelhante, focando em temas de privilégio e a situação da classe trabalhadora contada através do uso de humor negro.
As caricaturas de Quino foram traduzidas para 26 idiomas e Mafalda ainda continua sendo impressa até hoje. Em 2014, Quino recebeu o Prêmio Príncipe das Astúrias da Espanha e a Legião de Honra da França. Seus desenhos são vendidos online e em livrarias ao redor do mundo. Após sua morte, muitos argentinos honraram sua vida deixando flores ao pé da estátua da Mafalda em Buenos Aires.