busca

Cultura

Em breve teremos fábricas de bebês, produzidos por úteros artificiais? Entenda o vídeo que viralizou

Por João Paulo Martins  em 20 de dezembro de 2022

Imagens de crianças sendo geradas por supostas máquinas que simulam úteros causaram polêmica nas redes sociais

Em breve teremos fábricas de bebês, produzidos por úteros artificiais? Entenda o vídeo que viralizou
O que acha de “fábricas” de bebês usando úteros artificiais? (Foto: YouTube/Hashem Al-Ghaili/Reprodução)

 

Recentemente, internautas ficaram assustados com o vídeo que mostra a fábrica de úteros artificiais da EctoLife. As imagens foram divulgadas pelo produtor, cineasta e divulgador científico iemenita Hashem Al-Ghaili, de 32 anos, que vive em Berlim, na Alemanha. Segundo ele, a ideia de criar uma indústria de “produção de bebês” seria uma forma de aliviar as mulheres dos problemas gerados pela gravidez, com as crianças crescendo em um ambiente idealizado, com todos os recursos necessários.

Assim que viram as imagens da controversa fábrica, muitos internautas associaram o local ao filme Matrix (1999), estrelado por Keanu Reeves, no qual seres humanos eram criados por máquinas para serem usados como células de energia. Em um ponto os dois conceitos se assemelham: não passam de ficção científica.

Como explica o site americano New Atlas, a EctoLife foi projetada por Hashem para ser uma precursora de discussões acerca do novo modelo de maternidade que o iemenita acredita ser possível dentro de alguns anos.

O argumento do cineasta é que a “gravidez não é divertida”. Pode ser exaustiva, dolorosa, nauseante, intrusiva, inconveniente e, às vezes, muito perigosa para a mãe. Também existem casos em que a gestação gera riscos para o bebê, como o tabagismo ou o consumo de álcool pelas grávidas.

Atualmente, a ciência está avançada o suficiente, diz Hashem Al-Ghaili, citado pelo site americano, para ser capaz de replicar as condições ideais do útero com temperatura controlada e livre de infecções. Um cordão umbilical artificial pode fornecer oxigênio e nutrição enquanto o feto flutua em um líquido similar ao amniótico, recebendo hormônios, anticorpos e fatores de crescimento adequados. Os dejetos de bebês podem ser removidos, passados por um biorreator e convertidos enzimaticamente de volta em “um suprimento estável e sustentável de nutrientes frescos”.

Pequenos alto-falantes nas cápsulas poderiam garantir ao bebê o recebimento de estímulos cerebrais necessários ao desenvolvimento. Não apenas música erudita, mas a voz suave dos pais, que ajuda a construir o vínculo familiar.

Os sinais vitais das crianças serão constantemente monitorados – assim como, de forma bastante controversa, possíveis defeitos físicos e anomalias genéticas. Dados em tempo real sobre o crescimento do bebê poderão ser consultados em um aplicativo de celular, além de uma câmera em alta definição com transmissão ao vivo do feto.

 

Em breve teremos fábricas de bebês, produzidos por úteros artificiais? Entenda o vídeo que viralizou
(Foto: YouTube/Hashem Al-Ghaili/Reprodução)

 

Como lembra o New Atlas, na gravidez tradicional, as crianças nascem com cérebros grandes demais para passar pelo quadril das mulheres, com crânios macios e flexíveis que demandam cuidados, além de meses de atraso no desenvolvimento, em relação ao de outros animais. Mas com o útero artificial da EctoLife, isso não seria necessário, já que o bebê pode experimentar períodos gestacionais muito mais longos.

Segundo o vídeo de Hashem Al-Ghaili, assim que as crianças estão prontas para serem “colhidas”, basta abrir a tampa da cápsula e, caso seja necessário, um teste genético gratuito pode garantir que esteja voltando para casa com o recém-nascido correto.

Apesar de todas as facilidades apresentadas pelo iemenita, internautas consideraram a ideia distorcida, desumana e distópica demais.