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Cultura

Exército dos EUA pretendia gastar mais de R$ 5 milhões com o jogo Call of Duty para recrutar jovens

Por João Paulo Martins  em 06 de dezembro de 2022

A ideia era focar especialmente em streamers desse jogo de guerra e atrair mulheres, negros e hispânicos

Exército dos EUA pretendia gastar mais de R$ 5 milhões com o jogo Call of Duty para recrutar jovens
(Foto: Activision/Reprodução)

 

O exército dos EUA pretendia gastar milhões de dólares com o jogo Call of Duty, por meio de patrocínio de torneios de e-sports, streamers de alto nível e eventos do Twitch em 2021. Segundo o portal americano Vice, a ideia era atrair espectadores da Geração Z, especialmente mulheres, negros e hispânicos.

Em muitos casos, os patrocínios acabaram não acontecendo. O exército americano ordenou a suspensão de todos os gastos com a empresa responsável pelo Call of Duty, a Activision, depois que ela enfrentou uma onda de reclamações de assédio sexual.

O portal obteve os documentos por meio da Lei da Liberdade de Informação. Uma tabela presente no arquivo lista os fundos que o Exército planejava gastar em várias plataformas, eventos e streamers. No topo, aparece a Twitch e sua liga de e-sports HBCU, voltada para estudantes negros. As temporadas anteriores dessa liga envolveram os jogos Madden (futebol americano) e NBA (basquete). O exército planejava gastar US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,24 milhões) no patrocínio do evento, informa a Vice.

Os documentos mostram que os militares americanos consideravam o Call of Duty um jogo com bastante potencial de recrutamento. Para tanto, queria usar influenciadores da Twitch para “criar conteúdo original mostrando a ampla gama de habilidades oferecidas pelo Exército” e ajudar a “familiarizar os fãs sobre os valores e oportunidades do Exército”. Os militares também queria lançar torneios que apresentassem “soldados e grandes nomes do jogo”.

De acordo com o arquivo obtido pelo portal americano, os militares pretendiam gastar US$ 750.000 (R$ 2,4 milhões) com torneio oficial de Call of Duty League E-sports, serviço de streaming Paramount+ e com a série de TV Halo. O exército também planejou gastar US$ 200.000 (cerca de R$ 1 milhão) patrocinando a versão mobile de Call of Duty, inclusive com recompensas para os usuários. Os documentos sugerem que a campanha forneceria moeda do jogo para quem assistisse a anúncios em vídeo do exército americano.

Como exemplo, de acordo com a Vice, os militares teriam alocado US$ 150.000 (R$ 786.000) para serem gastos com o youtuber Stonemountain64, que possui 2,32 milhões de seguidores e costuma jogar Call of Duty: Warzone no YouTube. O conteúdo compartilhado por Stonemountain64 o traz como um irônico comandante militar do modo battle royale do game da Activision.

Um porta-voz do exército dos EUA disse ao portal que “o objetivo do marketing do Exército com os patrocínios é semelhante a todas as compras de publicidade, que é atingir um mercado específico em apoio ao recrutamento militar. O retorno e a aceitação do anúncio são importantes, pois são medidas de eficácia aceitas pela indústria da publicidade e dos patrocínios que realizamos. No marketing do Exército, devemos atender aos jovens onde eles estão, ou seja, online”.

A Vice lembra que os militares americano têm lutado para recrutar a Geração Z. As restrições causadas pela pandemia de covid-19 teriam prejudicado os esforços de recrutamento, mas também as mudanças nas percepções dos militares e dos altos padrões em relação à saúde física, à presença de tatuagens e ao uso de drogas. O Exército dos EUA tem sua própria equipe de e-sports, mas costuma causar polêmica, como o banimento de usuários da Twitch que questionam no chat os crimes de guerra.