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Cultura

Médicos deveriam estudar Shakespeare para serem mais empáticos, diz pesquisa

Por João Paulo Martins  em 04 de abril de 2021

Estudo escocês destaca como o célebre dramaturgo inglês apresenta as relações humanas em tempos de crise com foco na empatia

Médicos deveriam estudar Shakespeare para serem mais empáticos, diz pesquisa
(Foto: Pixabay)

Um especialista em medicina paliativa sugere que estudar as peças do dramaturgo inglês William Shakespeare pode ajudar os futuros médicos a se conectarem mais estreitamente com os pacientes.

No estudo publicado na última quinta (1/4) no periódico científico Journal of the Royal Society of Medicine, o pesquisador David Jeffrey, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, mostra como a abordagem empática do célebre dramaturgo – capacidade de compreender e compartilhar os sentimentos de outra pessoa – pode aprimorar a relação o paciente-médico.

Segundo o especialista, a ideia de que as emoções são perturbadoras e precisam ser controladas está profundamente enraizada na educação e na prática médica, contribuindo para o distanciamento entre profissionais e pacientes.

O problema se agravou com a pandemia causada pelo novo coronavírus, que levou ao distanciamento social e ao aumento das videoconsultas, o que criou desafios para o estabelecimento de relações empáticas entre médicos e pacientes.

Ser ou não ser empático?

Na pesquisa, David Jeffrey argumenta que estudar as peças de Shakespeare pode ser uma forma criativa de aumentar as abordagens empáticas em estudantes de medicina. Ele tomou como base as peças The Tempest (A Tempestade, de 1611), As You Like It (Como Gostais, de 1603) e King Lear (Rei Lear, de 1606).

“É incrível como as obras de Shakespeare permanecem relevantes ainda hoje. Parece que ele tinha a capacidade de antecipar nossos pensamentos, especialmente em tempos de crise”, afirma o pesquisador, citado pelo site científico EurekAlert.

O especialista em medicina paliativa destaca a maneira como o escritor inglês representa o mundo do ponto de vista da outra pessoa, não apenas a compreensão do que está à volta, mas também as emoções e as perspectivas morais. Essa abordagem, afirma Jeffrey, citado pelo site, cria um espaço para interpretação e reflexão, para experimentar empatia. “Criar esse ambiente de reflexão é uma parte central da prática clínica e da educação médica”, completa.

Ele lembra que Shakespeare trata com recorrência sobre tempos de crise, concentrado o foco nas relações humanas empáticas. “As humanidades costumam estar à margem da educação médica, mas deveriam ser fundamentais para a mudança da cultura da medicina”, comenta o pesquisador.