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Cultura

Pesquisador da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, sugere que Jesus Cristo era transexual

Por João Paulo Martins  em 01 de dezembro de 2022

A polêmica afirmação de Joshua Heath se baseou em pinturas que retratam Cristo crucificado e recebeu o apoio do reitor da universidade britânica

Pesquisador da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, sugere que Jesus Cristo era transexual
(Foto: Pixabay)

 

Jesus Cristo teria sido transexual, de acordo com um reitor da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Segundo o jornal britânico The Telegraph, Michael Banner, reitor da Faculdade da Sagrada Trindade (Trinity College), disse ver Cristo como uma pessoa trans seria algo “legítimo”. A afirmação se deu após uma briga que surgiu quando um pesquisador de Cambridge durante uma apresentação, afirmou que Jesus tinha um “corpo trans”.

O discurso controverso teria ocorrido no último domingo (27/11) na capela da faculdade britânica. Joshua Heath, um pesquisador júnior, estava exibindo pinturas renascentistas e medievais que retratam a crucificação e que exibiam uma ferida lateral do corpo de Cristo como sendo supostamente a representação de uma vagina.

Testemunhas disseram ao The Telegraph que choraram e se sentiram excluídos da igreja, com um deles gritando “heresia” para o reitor ao deixar a capela.

Três pinturas teriam sido exibidas na apresentação, incluindo a obra Pietà, de Jean Malouel, de 1400. Nesse momento, Heath teria apontado para a ferida lateral no corpo de Jesus, com o sangue fluindo até a virilha. Ele também mostrou a obra de 1990 do artista francês Henri Maccheroni, intitulada Christus.

 

Pesquisador da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, sugere que Jesus Cristo era transexual
A ferida no corpo de Cristo na obra Pietá, de Jean Malouel, seria uma referência à vagina (Foto: Wikimedia/Domínio Público)

 

De acordo com o jornal britânico, Joshua Heath teve o doutorado supervisionado pelo ex-arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, e disse em seu discurso que no Livro de Oração de Bonne de Luxemburgo, do século XIV, essa ferida lateral de Jesus “assume uma aparência definitivamente vaginal”. Ele também baseou sua teoria em representações artísticas não eróticas do pênis de Cristo ao longo da história, que “exigem uma resposta acolhedora, em vez de hostil, às vozes elevadas das pessoas trans”.

“No corpo simultaneamente masculino e feminino de Cristo nessas obras. Se o corpo de Jesus nessas pinturas sugere o corpo de todas as pessoas, então seu corpo também é o corpo trans”, comentou o pesquisador, citado pelo The Telegraph.

Um membro da congregação, que preferiu permanecer anônimo, enviou uma carta de repúdio ao reitor Michael Banner: “Deixei o culto em lágrimas. Você se ofereceu para falar comigo depois, mas eu estava muito angustiado. Desprezo a ideia de que abrindo um buraco em um homem, através do qual ele pode ser penetrado, signifique que ele possa se tornar uma mulher. Desprezo especialmente essas imagens quando são aplicadas a nosso Senhor, do púlpito, em Evensong. Desprezo a ideia de que devamos ser convidados a contemplar o martírio de um ‘Cristo trans’, uma nova heresia para a nossa época”.

A resposta do reitor à denúncia, como mostra o jornal britânico, defende o discurso do pesquisador por “sugerir que poderíamos pensar sobre essas imagens do corpo masculino/feminino de Cristo como nos fornecendo maneiras de pensar sobre questões relacionadas aos transgêneros de hoje”.

“Para mim, acho essa especulação legítima, mesmo quer você, eu ou qualquer outra pessoa discorde da interpretação; diga algo a mais sobre essa tradição artística; ou resista à sua aplicação a questões contemporâneas em torno do transexualismo”, acrescenta Banner.

Um porta-voz da Faculdade da Sagrada Trindade enviou uma nota ao The Telegraph: “O discurso explorou a natureza da arte religiosa, no espírito de investigação acadêmica instigante e mantendo o debate aberto e o diálogo na Universidade de Cambridge”.