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Saúde

Cientistas criam terapia inovadora para pacientes com hemofilia B

Por João Paulo Martins  em 21 de julho de 2022

Tratamento genético de uma só dose pode substituir as injeções semanais do fator de coagulação do sangue

Cientistas criam terapia inovadora para pacientes com hemofilia B
(Foto: Pixabay)

 

Uma nova terapia genética foi capaz de reduzir drasticamente o risco de sangramento em pacientes com hemofilia B, cuja incidência é de um caso para cada 30.000 homens, de acordo com o site da fundação Hemominas.

No estudo publicado nesta quinta (21/7), no periódico científico New England Journal of Medicine, pesquisadores mostram que uma única injeção da terapia genética, chamada FLT180a, eliminou a necessidade de hemofílicos usarem semanalmente os coagulantes. O estudo foi liderado por cientistas da Universidade College de Londres, no Reino Unido, pelo hospital londrino Royal Free e pela empresa de biotecnologia Freeline Therapeutics.

A hemofilia é uma condição rara que afeta a capacidade de coagulação do sangue. Geralmente é hereditário (exceto no caso do tipo B) e afeta principalmente os homens. Normalmente, quando uma pessoa se corta, fatores de coagulação se misturam com plaquetas do sangue para fazer o sangramento parar. Mas as pessoas com hemofilia não têm esses fatores de coagulação e correm o risco de sangramento intenso.

Cerca de 85% dos pacientes são diagnosticados com hemofilia A, causada pela falta do fator VIII de coagulação do sangue, enquanto o tipo B é causado por uma deficiência do fator IX, explica o jornal britânico The Guardian.

As pessoas com hemofilia B precisam usar regularmente, normalmente toda semana, a reposição do fator de coagulação IX, mas podem sofrer com danos debilitantes às articulações.

No estudo recém-publicado, que durou 26 semanas, os pesquisadores descobriram que uma única aplicação de FLT180a levou à produção sustentada do fator de coagulação pelo fígado em nove de cada 10 pacientes com hemofilia grave ou moderadamente grave.

Isso eliminou a necessidade das injeções regulares, corrigindo a falha genética, além de apresentar efeitos duradouros, explica o jornal britânico.

“Remover a necessidade de pacientes com hemofilia usarem regularmente a proteína ausente é um passo importante para melhorar a qualidade de vida. O estudo de acompanhamento de longo prazo monitorou os pacientes quanto à durabilidade da expressão [terapia] e vigilância para efeitos tardios”, explica a pesquisadora Pratima Chowdary, da Universidade College de Londres, uma das autoras do estudo, citada pelo The Guardian.

Os pacientes que usaram a terapia inovadora tiveram que tomar medicamentos imunossupressores por várias semanas ou meses para evitar que o sistema imunológico rejeitasse o tratamento.

Embora tenha sido bem tolerado pela maioria dos voluntários, o FLT180a gerou algum tipo de efeito colateral na maioria dos hemofílicos, informa o jornal britânico, como coagulação anormal do sangue em quem recebeu dose mais alta e produziu níveis mais altos do fator IX.