Covid longa pode ser causada pelo vírus da mononucleose, dizem cientistas

Estudo publicado em junho na revista científica Pathogens afirma que a covid longa (quando os sintomas da doença perduram por meses) pode ser causada pelo vírus Epstein-Barr, causador da mononucleose, que é reativado durante o processo inflamatório causado pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

Segundo os cientistas, essa seria a explicação para sintomas persistentes da covid-19 que até então eram inexplicáveis, como fadiga, névoa cerebral e erupções cutâneas, que ocorrem em aproximadamente 30% dos pacientes recuperados da doença.

Na pesquisa, foram analisados 185 pacientes e 30,3% deles tinham covid longa. Incluindo vários casos inicialmente assintomáticos de covid-19 que mais tarde se transformaram em sintomas prolongados.

Entenda o estudo

Os cientistas selecionaram aleatoriamente 68 pacientes e descobriram que 66,7% dos que tinham covid longa e 10% do grupo de controle eram positivos para o vírus da mononucleose, com base em teste de anticorpos para o vírus Epstein-Barr.

“Encontramos taxas semelhantes de reativação do vírus tanto em pessoas que tiveram sintomas de covid longa por meses, como naqueles com sintomas que começaram apenas algumas semanas após o teste positivo para a covid-19”, afirma o pesquisador David J. Hurley, da Universidade da Geórgia, um dos autores do estudo, citado pelo site britânico Medical News.

De acordo com os cientistas, a relação entre o SARS-CoV-2 e a reativação do vírus da mononucleose abre novas possibilidades para o diagnóstico e tratamento da covid longa. Se os pacientes mostrarem sinais de reativação do vírus Epstein-Barr, podem ser tratados precocemente, reduzindo a intensidade e a duração da presença do causador da mononucleose, o que pode ajudar a inibir o desenvolvimento da covid longa.

“Se um papel direto para a reativação do Epstein-Barr na covid longa for apoiado por estudos adicionais, isso forneceria oportunidades para melhorar o diagnóstico racional dessa condição e considerar o valor terapêutico de remédios anti-herpesvírus, como ganciclovir”, comenta o virologista Lawrence S. Young, PhD, editor da revista Pathogens, também citado pelo Medical News.